segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ideia perdida

 Às vezes, quero tanto escrever e não vem nenhuma ideia. Fico procurando algo para escrever e nada aparece no pensamento. Parece que as ideias fugiram para algum lugar desconhecido. Mas, num piscar de olhos, elas aparecem.
Outras vezes, tenho uma ideia, que logo se perde por algum lugar dentro das infinidades de ideias que se passam na minha mente. Basta uma pequena distração, e todo o projeto que eu tinha no pensamento vai embora, sem deixar vestígios. Simplesmente evapora. Essa ideia, que seria trabalhada, perde-se no meio de tantas outras e vira uma agulha no palheiro.
É como se um arquivo tivesse sido deletado de um pendrive. Pode até ser recuperado, mas vai dar algum trabalho.
São tantos pensamentos, tantas ideias, tantos argumentos, que muitas vezes eles se embaralham uns com os outros e deixam tudo confuso. E já não sei qual foi o pensamento inicial. Nesse momento me pergunto se tenho problema de memória...
Ainda agora mesmo, eu tinha algo a dizer, mas as palavras foram embora, como se tivesse passado uma ventania pela minha mente e levado tudo o que poderia ser levado. Só resta lamentar por mais uma ideia perdida. Quem sabe algum dia ela volta e diz um “alô”.


Tudo que eu tenho de valor são as minhas memórias. Se elas partissem, eu partiria em dois”. Trecho de “Ninguém mais”, da banda Rosa de Saron.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Assédio

 Marina estava andando na calçada, quando um carro que estava passando na rua encostou e o motorista perguntou se ela queria uma carona. Ela respondeu que não queria e continuou andando. Ele, então, pediu o número do telefone dela e ela fez que não com a cabeça e ele então continuou seu caminho.
Mais na frente, ela passou por um grupo de rapazes, sentados na porta de uma casa, jogando conversa fora. Um deles assobiou, outro gritou “vem cá, meu bem”, e outro, mais grosseiro, disse “ô, lá em casa”. Ela fingiu que não ouviu e continuou andando.
Pegou o ônibus e, como estava lotado, as pessoas se encostavam umas nas outras, e um espertinho chegou perto dela e quis se aproveitar da situação para ficar encostado no bumbum dela, que só percebeu a astúcia do malandro, quando sentiu que ele estava ficando excitado. Ela, assustada, saiu com dificuldades dali para um local com mais mulheres.
Chegando ao local de trabalho, seu patrão logo disse que ela estava muito bonita e, numa conversa reservada, falou que se ela quisesse uma promoção na empresa, bastaria que “saísse” com ele. Ela gentilmente recusou a oferta, embora se sentisse mal com a situação.
À noite, na faculdade, seu professor lhe disse que poderia ajudar na nota escolar, se ela lhe desse “algo” em troca. Mais uma vez, de forma gentil, ela recusou a ajuda, embora se sentisse enojada.
Após um dia péssimo e de passar por mais um assédio na volta pra casa no ônibus ao ser puxada pelo cabelo, ela finalmente estava no condomínio onde morava sozinha, quando um vizinho casado a avistou e lhe perguntou pela décima vez se eles poderiam sair. Ele estava cada vez mais insistente e grosseiro, apesar das recusas dela.
Marina não era nenhuma panicat, tinha um corpo até considerado magro, vestia-se de forma elegante, sem roupas curtas ou muito coladas. Por essa razão, não entendia a razão de tanto assédio.
Seu dia estava péssimo e ela estava a ponto de chorar, quando ligou para sua mãe e, depois de desabafar e de ouvir alguns conselhos, acalmou-se e decidiu que não iria se sentir mal porque estava agindo corretamente, de acordo com seus princípios.
Infelizmente, ela sabia, essa era uma rotina na vida de várias mulheres, que já passaram pelo menos uma vez por uma situação semelhante.
Amanhã é outro dia, ela pensou e desejou que tudo mudasse.


Quando eu passo você olha, assobia faz fiu fiu. Todo dia, toda hora, vai pra puta que pariu.”. Trecho da música Fiu Fiu, da banda Filarmônica de Pasárgada.