quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Bebida

Era sábado à tarde, perto das duas horas, e Gustavo resolveu sair com os amigos para beber um pouco, como faziam quase todos os fins de semana.
Lá pelas cinco da tarde, quando eles já tinham bebido e se divertido bastante, ele decidiu que queria ir para um lugar mais movimentado e beber mais um pouco.
Os seus amigos não queriam deixar Gustavo dirigir, afinal ele tinha bebido demais, mas ele insistiu tanto que seus amigos permitiram.
Enquanto isso, algumas crianças brincavam de bola numa rua distante e sem muito movimento. Elas se divertiam com a inocência ainda intacta e com a alegria estampada em seus sorrisos.
Gustavo saía do bar em que estava e trafegava no seu carro novo pelas ruas da cidade a toda velocidade. Ele não costumava fazer isso. Era um sujeito comportado e pacato, mas quando bebia ficava impulsivo e descontrolado.
A mãe de Leonardo, uma das crianças que brincava de bola, gritou:
- Menino, vem pra casa. Sai do meio da rua.
E Leonardo saiu da rua no instante em que Gustavo dobrou e colidiu com três crianças, que morreram no mesmo instante. O impacto foi tão forte que as crianças foram arremessadas a dezenas de metros de distância.
Enquanto Gustavo fugia, ninguém se lembrou de anotar a placa do carro porque estavam muito preocupados em socorrer os meninos acidentados.
Naquele momento a dor era maior. Havia um desespero no ar, gritos e lamentos. Os culpados podiam esperar. Logo seriam identificados, pois o carro de Gustavo era o único daquele tipo na cidade.


Num cruzamento tão normal de uma cidade em alta velocidade a morte veio e a levou.” Trecho da música O acidente do cantor Amado Batista.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Extremista islâmico

 George era um estudante de filosofia do 6º período, tinha uma visão bastante crítica do mundo, com ideias extremistas para a solução dos problemas da humanidade.
Ele vivia isolado, com pouquíssimos amigos. Tinha cabelos longos e uma barba bem cheia. Quando não estava na faculdade, ele passava a maior parte do seu tempo navegando na internet e brincando de jogos de tiro, guerra e de estratégia militar.
Ele era realmente muito bom nesses jogos e chegou a ficar em segundo lugar num torneio promovido pela internet com jogadores do mundo todo.
A partir daí, começou a ser contatado, via internet, por alguns supostos fundamentalistas, que queriam que ele participasse de uma seita denominada “Gênesis”, que tinha como base a eliminação de todas as pessoas que não fossem radicalistas islâmicos.
George não deu muito crédito àquelas mensagens, mas, em seguida, vieram mensagens de texto, ligações e finalmente um encontro pessoal com um membro da seita no Brasil.
Depois disso, ele, que era ateu, começou a frequentar uma mesquita e a participar de reuniões secretas daquela seita.
Seis meses depois, George já tinha os mesmos ideais da “Gênesis”, chegando ao principal cargo na pirâmide da seita, o mártir. Para eles, era o cargo mais desejado, pois ao final receberia a honra de morrer por Alá e uma passagem imediata para o céu, onde poderia desfrutar de diversas recompensas, entre elas 72 virgens.
No final daquele ano, George foi preparado para uma missão especial. Ele sabia o que isso significava e ficou muito apreensivo, mas foi confortado por seus irmãos na fé.
Durante uma partida de futebol comemorativa, ele acionou o botão de uma bomba de grande capacidade de explosão, matando 31 pessoas e ferindo outras 53. Entre as vítimas estavam mulheres, crianças e idosos.
No fim, George morreu ansioso e com medo. Para os extremistas, sua morte foi uma alegria. Para todos os outros, foi apenas mais uma morte sem sentido, que levou à morte pessoas inocentes.


O homem bomba se esconde como um terrorista sem uma reivindicação verbal pronto para explodir ao menor sinal.” Trecho da música O homem bomba da banda O rappa.