quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Repetição da brincadeira


Outra tarde passava devagar. Havia chovido e o tempo não estava tão quente como de costume, estava até fazendo um friozinho bom. Era sábado e Renato estava em casa, assistindo a um filme quando o telefone tocou. Ele atendeu.
- Oi – disse ele, meio impaciente, afinal o filme estava numa parte boa e ele não gostava de interrupções.
- Oi – disse a voz do outro lado da linha. Era uma voz feminina. – Renato, é a Clara, lembra?
Claro que ele lembrava, afinal não havia muito tempo que eles estudaram juntos.
- Lembro sim. Lembro de todos da escola.
- Pois é. Tô te ligando porque uma pessoa pediu que eu ligasse...
- Quem? – Renato estava curioso.
- Lembra da Carol?
- Lembro muito bem. O que tem ela?
- Foi ela que pediu pra eu ligar pra você.
A Carol pediu pra Clara me ligar? Que estranho, pensou ele. Mas ele estava gostando. Ela era simplesmente a garota dos sonhos dele.
- Ela pediu que eu marcasse um encontro hoje à noite.
- Você está brincando, não é? Isso só pode ser uma brincadeira – disse ele, meio desconfiado.
- Não. Estou falando sério. Ela quer muito te ver. Disse que você poderia escolher o local e o horário.
Ele, ainda meio desconfiado, concordou. Disse o lugar e a hora em que se encontrariam. Seria às oito horas da noite no seu restaurante preferido.
No local combinado, perto das oito horas, lá estava ele, todo arrumado e perfumado. Esperou um pouco. Passaram quinze minutos além das oito e ele já começava a ter certeza de sua desconfiança, quando ela apareceu, deslumbrante. 
Ele não conseguia nem acreditar. Pensou que estava sonhando.
Ela se sentou. 
- Você está tão linda.
- Obrigada. Você também está ótimo – fez uma pausa e deu um sorriso. – Quanto tempo, né?
- Pois é. Eu sinto muita falta da escola, principalmente de você.
Ela ficou meio sem graça, aparecendo algumas manchas vermelhas em seu rosto.
- Por isso você pediu pra Clara me ligar? – disse ela.
- Na verdade, foi ela que me ligou, dizendo que você tinha pedido pra ela ligar.
Ela sorriu. Já tinha entendido a armação de Clara.
- A Clara sempre fez essas brincadeiras na escola, mas por essa eu não esperava – disse ela e olhou para ele. – Acho que ela resolveu fazer isso depois que eu disse pra ela uns dias atrás que eu sentia sua falta. Eu disse que das pessoas da sala a que mais sinto falta é você. Estranho, né? A gente nem tinha tanto contato...
Ela sente a minha falta, ele pensou.
- Eu pensei que fosse brincadeira dela. Que você não iria aparecer.
- Era mesmo uma brincadeira, mas pelo menos eu apareci – disse ela sorrindo. 
- Nunca pensei que você sentisse a minha falta. Sério, eu não esperava por isso, apesar de desejar que isso acontecesse.
O coração dele batia muito acelerado, mas parecia estranhamente calmo.
- Parece que você se enganou e se subestimou – ela disse e pegou na mão dele. – Acho que a Clara fez bem. Só assim pra gente conversar.
Eles sorriram, pediram algo para comer e conversaram por mais duas horas, como nunca tinham feito antes, mesmo estudando na mesma sala durante três anos.
No fim da noite, ela disse que tinha esperado muito para ter essa conversa e que não queria mais perder tempo. Queria começar um relacionamento sério e ele concordou completamente. Eles sentiram que seus pensamentos convergiam na mesma direção.
Ele a levou até à casa dela e, enfim, beijaram-se pela primeira vez, sentindo que haveriam muitos outros beijos. 
A noite tinha sido perfeita.

"E, hoje em dia, como é que se diz 'eu te amo'?". Trecho da música "Vamos fazer um filme", da Legião Urbana.

Esse post é repetição de uma postagem do dia 17/10/2009.
Achei interessante postar novamente, pois achei legal o texto e acho que poucas pessoas o viram.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Um sabor diferente

Juliano já tinha vivido muitas coisas na sua curta vida. Já tinha experimentado muitas emoções. E a sua vida estava agitada desde que tinha terminado um namoro de três anos há cerca de seis meses atrás.
Passou a sair muito com os amigos e algumas mulheres. Saia quase todos os dias, tentando se manter ocupado. Passava o dia todo trabalhando muito e à noite, quase sempre, saia para se divertir, distrair-se, passar o tempo.
Mas Juliano já começava a sentir falta de ter alguém com quem dividir o seu tempo, os seus momentos, as suas angústias.
Os seus “amigos”, ele sabia, fugiriam na primeira oportunidade em que surgisse um problema. As garotas com quem saía nem sequer queriam um segundo encontro. Parece que elas estavam querendo só mais um cara nas suas listas.
Ele estava quase sufocado, vivendo aquela vida agitada. Precisava de algo diferente.
Num domingo, num desses feriados prolongados, a cidade estava quase vazia. Juliano não tinha viajado com os amigos, como de costume. Decidiu tirar um tempo pra si. Refletir sobre a sua vida.
Ele estava numa praça. Havia poucas pessoas. De repente, ele viu surgir meio distante uma mulher. E, quanto mais ela se aproximava, mais ele percebia que ela era linda. E ela se aproximou cada vez mais e se sentou num banco próximo. Estava sozinha e parecia que estava triste. Parecia que estava refletindo.
Ele estava com medo de se aproximar, mas a sua vontade de falar com ela falou mais alto e logo ele se sentou no mesmo banco em que ela estava sentada. Ela disse “oi”, um pouco surpresa.
- Percebi que você parece triste – ele disse de um jeito delicado.
- Estou um pouco triste mesmo. Um pouco cansada.
- Eu estou do mesmo jeito. Que coincidência – ele disse, sorrindo. – A propósito, meu nome é Juliano.
Ele estendeu a mão para cumprimentá-la. E ela disse que se chamava Helena e apertou a mão dele.
- Eu já não sei o que fazer – disse ela. Ela parecia um pouco constrangida. – Eu não deveria estar falando com você e muito menos sobre o que eu quero falar.
- Não se preocupe. Você pode falar o que quiser. Prometo que vou ser um bom ouvinte – ele disse, tentando deixá-la mais à vontade.
- É que eu não tenho sorte com homens. Eles sempre me magoam muito. Por isso estou triste. Descobri recentemente que ele estava me traindo.
- Deve ter sido difícil. Mas você não deve se desanimar. Ainda vai encontrar o homem certo, quando menos esperar.
Juliano esperava que ele fosse esse homem. Começou a contar sobre a sua vida, suas angústias, e Helena percebeu que começava a se interessar por ele.
Trocaram telefones, começaram a se encontrar para conversar, e depois começaram a sair para jantar, e numa dessas saídas Juliano disse que queria namorar com ela, chegou perto  e a beijou com muito sentimento. Sentiu um sabor diferente e que sua vida mudaria completamente a partir daquele momento.

"Assim pude trazer você de volta pra mim, quando descobri que é sempre só você que me entende do início ao fim". Índios - Legião Urbana.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um sorriso

Um sorriso. Um belo sorriso, e a vida de Jorge mudou completamente. Ele, que não tinha sorte nos relacionamentos, parecia ter encontrado a sua amada. Ela se chamava Amanda e apareceu na sua vida de repente, de um jeito meio inusitado.
E logo começaram a sair para almoçar, jantar e simplesmente lanchar. A companhia dela era sempre muito boa para ele e ele sempre queria estar ao lado dela.
 E então veio o primeiro beijo e as primeiras juras de amor. E Jorge tinha grandes planos para eles. Mas Amanda parecia não estar preparada para tantos planos. Queria simplesmente uma companhia, alguém que a divertisse e a levasse para bons lugares.
O coração de Amanda parecia pertencer a outro homem, o que ela nunca tinha falado para Jorge, mas ele, apesar de sua inocência e pouca experiência, já tinha percebido e começava a desconfiar que ela estivesse saindo com esse outro homem.
Então, Jorge mudou o seu comportamento e começou a tratá-la com um pouco mais de virilidade, e ela achou estranho, pois sempre gostava de como ele a tratava.
Depois de alguns dias, o relacionamento deles estava indo por água abaixo. Amanda já não tinha mais a diversão que queria e Jorge não tinha o amor que tanto esperava.
Parecia que nada mudaria, que tudo acabaria. Mas foi nesse momento ruim que Jorge e Amanda descobriram o amor que sentiam um pelo outro. Foi com o diálogo que ambos chegaram à conclusão de que nada poderia separá-los. Jorge disse que ela pensava em outro homem e ela disse que não havia homem algum. Só estava com medo de tantos planos; ainda não queria pensar no futuro, queria aproveitar o presente.
Amanda então se entregou ao amor. Ainda queria diversão, mas não queria só isso. Jorge voltou a ser quem sempre foi e as coisas se acertaram.

"E eu vou tratá-la bem
Prá que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer
Os meus segredos". Segredos - Frejat.

sábado, 28 de novembro de 2009

Sorte

A sorte começava a mudar para Augusto. A sua vida de azar parecia ter ficado para trás quando conheceu Alícia.
Logo ele que havia desperdiçado várias oportunidades de mudar a sua vida para melhor.
Mas logo que a conheceu, sentiu algo extremamente especial em seu coração, como se soubesse que ela era a escolhida, a tão esperada mulher de sua vida.
Conheceram-se meio que por acaso e seus caminhos quase sempre se cruzavam e tudo que ele falava era um “oi”, “bom dia”. Então, uma semana depois da primeira vez que a viu, teve coragem suficiente para falar com ela e a convidar para um jantar. Ela ficou surpresa e sorridente e aceitou o convite.
Naquela noite, começaram o relacionamento. Ele queria algo sério e ela também. Parecia que haviam sido feitos um para o outro. Almas gêmeas, como dizem.
A sorte de Augusto mudou. Oportunidades apareceram e ele não as desperdiçou. Começou a trabalhar e a ganhar um bom dinheiro. Ganhou até na loteria (na quina) o valor correspondente a R$ 51.853,26. Comprou um belo carro, pois ele já tinha uma casa para morar.
No fim do ano, decidiram ir para Búzios e passaram o melhor réveillon de suas vidas. Tudo estava tão perfeito. Foi tudo perfeito.
Na volta para casa, Augusto estava tão feliz. Dirigiu devagar. Não tinha nenhuma pressa. Mas numa ladeira, outro carro fez uma ultrapassagem perigosa e veio direto na direção de seu carro. Não deu tempo nem de desviar.
Todo o mecanismo de segurança do carro não serviu para nada. Augusto e Alícia morreram na hora. Parece mesmo que tinham sido feitos um para o outro. 


"E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim" - Depois do começo - Legião Urbana.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Adaptação

Estou quase adaptado,
vivendo num outro lugar,
relembrando o passado,
o brilho do seu olhar.

Os dias passam até depressa;
muito trabalho e descanso.
Só isso me resta,
enquanto não me canso.

Hoje estarei no meu lugar,
até o final de semana acabar.
Depois, outra semana pela frente.
Por enquanto este é o meu presente.


"Fui tão longe. Fui tão longe". Fui tão longe - Reação em Cadeia.

sábado, 21 de novembro de 2009

Presente

Pensei em você e nem percebi
que já estava apaixonado
pelo seu jeito de sorrir
que me deixava encantado.

E via no seu olhar
um estranho sentimento
que eu não conseguia disfarçar,
mas estava sempre no meu pensamento.

O seu beijo me fazia voar
pra lugares que eu não tinha ido
e ficava a sonhar e pensar
que eu me sentia comprometido.

Eu me sentia leve como o ar
E vivia feliz e sorridente
porque de tudo que consegui ganhar
você foi o meu maior presente.


"Já me acostumei com a tua voz, com teu corpo e teu olhar". Sete cidades - Legião Urbana.

domingo, 15 de novembro de 2009

Início

Eu devia partir do início
como tudo deve partir,
mas pra mim era tão difícil
porque eu não sabia o que seguir.

E eu me sentia tão perdido,
tentando encontrar um caminho
e antes eu estava tão decidido,
mas logo me senti sozinho.

Acho que foi quando você me deixou
que não consegui mais me concentrar
e tudo o que eu sabia mudou.
Eu não sabia mais recomeçar.

Fiquei muito tempo sem noção
e nada mais fazia sentido.
Havia um vazio no meu coração.
Sentia que estava sendo punido.

Mas aos poucos tudo foi se acertando,
como uma conseqüência natural
porque o tempo ia passando
e tudo deveria voltar ao normal.


  "I know now you're my only hope" (Eu sei que agora você é a minha única esperança). Only Hope - Switchfoot.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Medo

Era noite. Estava chovendo. Raios e trovões se perdiam pela noite escura.
De repente, faltou energia. Carlos estava só em casa. Seus pais estavam trabalhando. Eram professores.
Ele era um garoto de apenas 16 anos e começava a ficar com medo.
Nesse momento, tentou encontrar uma vela para acendê-la. Ligou seu celular para clarear um pouco em sua volta. Assim, conseguiu pegar uma vela e o isqueiro. Acendeu então a vela e ficou um pouco mais tranqüilo.
Foi aí que escutou alguns barulhos estranhos pela casa e se lembrou que se mudou há apenas um mês para aquela casa e que os vizinhos tinham falado que os antigos moradores eram estranhos e sempre ouviam barulhos e vozes.
Carlos estava inquieto, com muito medo. E então ouviu um barulho mais estranho ainda vindo da porta da frente. Era um ruído baixo, mas assustador.
Carlos sentiu seu coração bater acelerado. Nunca tinha sentido tanto medo. Começava a acreditar que a casa era mal assombrada.
Foi então que seus pais chegaram e, quando entraram, viram que Carlos estava muito assustado.
- O que foi filho? – perguntou sua mãe, apreensiva.
- Você não viu o que tinha lá fora? A casa estava fazendo barulhos estranhos.
- Filho, não havia nada lá fora, só o Tob, que estava lá fora querendo entrar – sua mãe o abraçou. – Não há motivo para pânico.
Tob, o cachorro da casa, estava lá fora, numa área protegida da chuva, passando a pata sobre a porta, querendo entrar na casa, pois estava com frio. 

"E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão". Daniel na cova dos leões - Legião Urbana.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ausente

Eu sei que estive ausente,
um pouco indiferente
a tudo que você sente
e aos delírios da minha mente.

Mas acordei de repente
e soube instantaneamente
que você é o meu presente,
que caiu na minha frente.

Lembro que você mente
tão displicentemente,
mas sinceramente;
é tão inocente.

E você está diferente,
parece carente,
mas ainda muito atraente,
usando óculos de lente.

Disse-me lentamente
que vai me amar eternamente.


"Quando não estás aqui
Sinto falta de mim mesmo
E sinto falta do meu corpo junto ao teu". Sete cidades - Legião Urbana.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Preconceito

Clara havia acabado de sair do banco. Tinha passado exatos quarenta e cinco minutos pra pagar uma conta atrasada, que só poderia pagar ali. Ela ainda não entendia por que tinha que esperar tanto tempo pra pagar uma conta, afinal era ela cliente e o credor é que deveria estar correndo atrás do dinheiro, facilitar a forma de pagamento e o tempo de pagamento.
Mas ela já até tinha esquecido isso, quando entrou numa loja de roupas, querendo comprar o vestido que ela sonhava havia alguns dias. Nesse momento, apareceu uma moça, uma vendedora cheia de sorrisos.
Clara foi direto ao vestido. Ela já sabia o preço, mas perguntou mesmo assim.
- Trezentos e cinqüenta reais – disse a vendedora, sem dar muito crédito à Clara, talvez por que Clara não estivesse bem vestida, ou por que Clara fosse negra ou simplesmente por que aquele vestido era o mais caro da loja.
- Qual é o desconto? – perguntou Clara, sabendo que não teria nenhum desconto.
- Esse é o preço para pagamento à vista ou no cartão – disse a vendedora, já olhando para a madame que chegava toda arrumadinha, olhando as primeiras peças da loja. – Enquanto você escolhe, vou atender aquela mulher – disse, demonstrando uma certa insatisfação por atender Clara, como se soubesse que ela não pudesse comprar nada.
- Espere. Eu já escolhi. Eu quero esse vestido. Onde posso experimentar?
A vendedora, meio surpresa, indicou o vestuário e saiu rapidamente para auxiliar a madame. A madame olhava de tudo e ia selecionando vários itens para experimentar. Experimentou vários e não comprou nenhum.
Então, Clara, que demorou no vestuário porque estava visualizando o vestido em todas as possíveis, saiu do vestuário e disse para a vendedora que o vestido estava perfeito. Queria levá-lo. Ia pagar com o cartão de crédito.
A vendedora demorou para acreditar quando percebeu que o cartão tinha saldo suficiente. Olhou novamente para Clara, surpresa e desnorteada, e lhe entregou o vestido.
Clara saiu da loja quase chorando. Só não chorou por que já havia passado por situações piores.
A vendedora sentiu-se estranhamente vazia, cheia de preconceitos. Teve vontade de chorar.

"Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante". Racismo é burrice - Gabriel, o pensador.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Acaso

Rogério ia para o trabalho, andando apressado. Estava atrasado e havia muitas pessoas nas ruas também apressadas e, aparentemente, estressadas ao extremo.
Estava atravessando um semáforo, quando uma moça derrubou sem querer a sua maleta com papéis. A maleta abriu e os papéis voaram pra todos os lados. Ela, meio sem graça, quis ajudar, pegando os papéis antes que as pessoas pisassem neles e conseguiu pegar a maioria deles, enquanto ele juntava os outros.
- Me desculpe. Eu estava distraída e não consegui desviar – disse ela, sem graça, exibindo um lindo sorriso.
- Não se preocupe. Isso sempre acontece comigo – ele disse, também sorrindo, tentando levar aquela situação “na esportiva”.
Ela apertou a mãe dele e disse que se chamava Elisa e estava muito atrasada e tinha que ir.
Ele quis dizer algo, mas ela saiu, sem olhar pra trás.
Quando ele chegou ao trabalho, tentou se concentrar, mas só conseguia pensar naquele sorriso.
Às dez da manhã, ele tinha uma reunião com a sua nova chefe. Chegando à sala da chefe, encontrou a mesma mulher que havia derrubado a sua maleta. Ele sorriu, meio sem graça diante daquela coincidência e ela exibiu novamente o seu lindo sorriso. Ele olhou rapidamente para as mãos dela e percebeu que ela não usava nenhuma aliança.
- Parece que já nos encontramos por acaso a caminho daqui – ela disse, tentando deixá-lo à vontade, já que ele parecia um pouco inquieto. – Você já conhece a sua nova chefe. Digo logo que nada vai mudar, pelo menos por enquanto. Você pode continuar fazendo o que sempre fez. Vi os relatórios e você vem se destacando na sua área.
- Muito obrigado.
- Acho que é só isso. Você já pode ir.
Ele já estava virando para sair, quando ela acrescentou:
- E tem mais uma coisa. Eu sou nova na cidade e queria que hoje a noite você me levasse num restaurante bom para conhecer melhor a cidade – ela fez uma pausa e ele ficou calado. – Se você puder, é claro.
- Posso sim. Onde pego a senhora?
- Não me chame de senhora. Meu nome é Elisa e você já sabe disso. Você pode me pegar aqui mesmo às oito horas.
- Estarei aqui. Mas eu posso fazer uma pergunta?
- Pode sim.
- Você quer conhecer a cidade ou me conhecer?
- Os dois. O acaso nos juntou.


"O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído" - Epitáfio - Titãs.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Encontro

Quando a gente se encontrar,
quero conseguir dizer
tudo o que quero falar,
tudo o que sinto por você.

O que é mais importante
é que você consiga perceber
que te quero a todo instante,
que com você quero viver.

Dizer que o meu pensamento
está sempre em você,
desde aquele momento
que te vi aparecer.

E ganhou o meu coração
com o seu lindo sorriso.
Despertou toda a minha emoção.
Só de você eu preciso.



"Quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim". Andrea Doria - Legião Urbana.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Inocência


Ontem assisti a um filme que me fez pensar um pouco sobre a infância e a inocência que a acompanha. O menino de pijama listrado é um filme ótimo pra quem gosta de grandes emoções.
O protagonista do filme, um menino de apenas oito anos, é filho de um oficial alemão que é promovido e tem que se mudar para o campo para administrar um campo de concentração.
O menino não gosta da mudança e fica sem fazer nada em casa, sem amigos. Como ele é muito esperto e desbravador, ele começa a se aventurar fora da casa, explorando a área sem o conhecimento de seus pais, e acaba encontrando um amigo no que ele chama de “fazenda”, mesmo sendo toda cercada por arames farpados eletrificados.
Faz amizade com um menino da sua idade, um judeu. Quase todos os dias, ele sai escondido e leva comida pro seu novo amigo e eles ficam brincando.
O detalhe é que o protagonista não sabe por que os judeus ficam presos; aliás, ele parece que nem sabe que eles estão presos. Não sabe nada do que acontece ao seu redor. Ele pensa que aquele lugar é uma fazenda. Quanta inocência.
Muito legal o filme. Mostra que havia alemães que eram contra o massacre de judeus, como a mãe do protagonista do filme.
Mas o que achei mais interessante foi a inocência e ingenuidade do protagonista, algo típico das crianças e a frase inicial do filme.
“A infância é medida por sons, aromas e visões, antes de surgir o tempo obscuro da razão”.  John Betjeman.

“A gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência”. Paciência – Lenine.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Biblioteca

Era um dia chuvoso, como poucos naquela época quente. Marcelo queria descansar, dormir e não pensar em mais nada. Mas ele precisava estudar. Então foi à biblioteca da faculdade. Lá ele poderia se concentrar mais, já que em sua casa quase sempre tem muita gente e muito barulho.
Quando chegou não havia quase ninguém, mas com o passar do tempo a sala da biblioteca estava quase cheia. E foi então que ela chegou e se sentou ao seu lado.
- Oi – disse ela e estendeu a mão para ele. – Meu nome é Renata.
- O meu é Marcelo – disse, apertando a mão dela. – Nunca te vi por aqui antes...
- É a minha primeira vez mesmo. Sou novata aqui. Entrei agora na faculdade e os professores já passaram um monte de trabalhos.
Marcelo sorriu. Ia voltar a estudar, mas ela resolveu fazer uma pergunta.
- Você chegou aqui cedo, né? Parece que já leu quase tudo.
- Cheguei aqui há duas horas e ainda preciso ler muito mais, infelizmente.
- Mas você pode me dizer quantos anos tem, né?
Marcelo era meio tímido e já estava ficando impaciente com tantas perguntas.
- Eu tenho 22 e preciso estudar para fazer a minha monografia.
Ele já estava virando de lado para estudar, quando ela disse que tinha 17 anos e morava perto da faculdade. Não tinha namorado faz tempo e que nem pensava em namorar enquanto estivesse na faculdade. Depois perguntou sobre ele, sem perceber que ele não estava gostando nada daquela conversa.
- Não moro muito perto da faculdade. Não tenho namorada e também não pretendo namorar enquanto estiver na faculdade – ele disse a primeira coisa que veio a sua cabeça.
- Puxa, então somos muito parecidos. Que coincidência.
E ela ficou ali, perguntando coisas sobre ele e falando sobre ela mesma e sobre outras coisas. Nem percebia que ali era uma biblioteca e que ele estava quase a ponto de explodir de tanta impaciência.
Nos outros dias, ela sempre se sentava ao lado dele e começava a falar sem parar. E Marcelo guardava a sua impaciência para si mesmo e tentava ser o mais gentil possível. Até que certo dia ele olhou nos olhos dela e percebeu o quanto ela era bonita e o quanto ela estava sendo importante nesses últimos dias, mesmo sem ele perceber. Ele começava a sentir a falta dela, quando ele ia pra casa, e ficava contando as horas para ir à biblioteca novamente. Ele quase nem falava; só observava ela falando e olhava cada detalhe do corpo dela.
Dias depois ele teve coragem de chamá-la pra sair e ela aceitou prontamente, parecendo que já estava esperando há muito tempo por isso.

“É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê”. Trecho de “Além do que se vê”, da banda Los Hermanos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Novidades

É impressionante como as pessoas gostam de novidades.
Você vai numa locadora e percebe que as pessoas vão primeiro ver os lançamentos. Se não tiver nenhum que ainda não tenha assistido ou já estiverem locados os recém-lançados, aí vão atrás de outros não tão recentes. Como última opção (e olhe lá!), os mais antigos.
Uma pessoa gosta de uma certa banda. Fica contando as horas pro lançamento do próximo CD. Acompanha quase tudo. Blog, Twitter, Orkut. Quase tudo. Mas não sabe dos CD’s mais antigos, das raridades. Só sabe aqueles fãs mais “fanáticos”.
Outra pessoa gosta muito de um artista e acompanha cada novela e peça de teatro. Quer saber qual é a próxima. Mas será se sabe qual foi a primeira? É mesmo importante saber?
Não sei. O que sei é que é impressionante como as pessoas gostam de novidades.
Você posta no blog. Amanhã posta novamente. Algumas pessoas começam a te seguir. Mas será que eles pelo menos olharam “de passagem” as postagens mais antigas?
Provavelmente não. Mal dessa sociedade fanática por novidade, sem tempo pra nada. E eu não sou muito diferente. Às vezes, o que acho interessante acompanho e vou atrás das raridades, das coisas mais antigas. Qual a origem disso?, eu me pergunto.
Eu só queria mesmo era dizer como é impressionante como as pessoas gostam de novidades.

“Ela é mais sentimental que eu. Então fica bem se eu sofro um pouco mais”. Sentimental – Los Hermanos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Caminho


É tão fácil se perder pelo caminho, mesmo sabendo que direção seguir. Muitas vezes, até se sabe em que direção andar, que objetivo se quer alcançar. Mas existem muitos obstáculos, muitas pedras no caminho.
Todo obstáculo é feito para ser superado. Toda adversidade traz mais sabor à vitória. Mas muitos desistem antes do fim. Simplesmente, abdicam dos sonhos. Como já disseram, nunca desista dos seus sonhos. Renato Russo também já disse: “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem”.
Mas, além dos obstáculos, há distrações e pequenos desvios. O problema é quando as distrações e os desvios ficam mais importantes do que o sonho. Alguns desvios são tão longos que fica difícil voltar pro caminho. Aí deve ser feita a seguinte pergunta: será que ainda tenho aquele sonho ou será que aquele sonho não era tão importante assim?
Há ainda outro problema. E quando não se sabe o caminho que se deve seguir?
Às vezes é difícil saber que caminho seguir. Há tantas direções, tantas aspirações, tantas metas. Seus pais dizem que você deve ser isso. Seu professo diz que você deve ser aquilo. Seu amigo diz que você deve ser outra coisa. E tantos outros dão a sua opinião.
Mas a opinião deles não é a sua opinião e essa é a que vale.
Então escolha um caminho, antes que lhe imponham um qualquer. Não perca muito tempo com as distrações e os desvios. Siga o seu caminho, mesmo sozinho, contra a maré. Não se desanime com os obstáculos. Seja você mesmo.


“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem”. - Renato Russo - Mais uma vez.

Obs: Sábado foi minha formatura.
Eu nunca fui muito disso. Pensei que fosse só mais uma festa. E foi só mais uma festa, mas foi uma festa extremamente especial. Mais especial ainda pros meus amigos, familiares e principalmente meus pais.
Foi uma sensação muito boa. É inexplicável.

sábado, 31 de outubro de 2009

Diversão

Talvez seja a última vez
que eu te verei.
Sinto que o seu encanto se desfez.
Nada saiu como planejei.

Mas você não deve ter planejado.
Só queria uma distração.
Você deveria ter me avisado.
Apaixonado está o meu coração.

Só foram alguns dias,
mas pra mim foi suficiente
para eu criar uma fantasia.
Apaixonei-me de repente.

Mas talvez seja só uma impressão
e você logo vai me ligar,
querendo mais diversão.
Só me resta esperar.


"Aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?" - Vento no litoral - Legião.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Crescer

Eu não queria te amar.
Eu nem pensava em você,
mas eu comecei a notar
que você começava a crescer.

E eu também percebi
que você me olhava
e tentava fingir
que um sorriso não brotava.

Foi quando comecei a ver
o quanto você era interessante.
E me apaixonei por você.
Eu queria ser o seu amante,
o seu amado, namorado.
Você não saia do meu pensamento.
Estava completamente apaixonado.
Não dominava o meu sentimento.

Você parece que percebeu
que eu sabia o que você sentia.
O seu coração era só meu.
Começamos naquele dia.


"Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem". Maurício - Legião Urbana.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Até o final do mês...

Você me disse uma vez
que me queria ao seu lado.
Pelo menos até o final do mês,
eu seria o seu namorado.

Mas, apesar de não demonstrar,
surgiu uma grande vontade
de querer alongar
o nosso prazo de validade.

Eu, que gostava da situação,
deixei o tempo passar,
sem falar a minha intenção
de nunca querer terminar.

O tempo foi passando
e você acabou confessando
que queria me amar.
Pra sempre iríamos namorar.


"E, mesmo com tudo diferente, veio mesmo de repente
uma vontade de se ver. E os dois se encontravam todo dia
e a vontade crescia, como tinha de ser". Eduardo e Mônica - Legião Urbana

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Decisão

Enquanto você não decidir,
se me quer ou não,
eu continuarei aqui,
esperando a sua decisão.

E nem adianta insistir
e dizer para eu ir embora.
Eu não irei partir.
Continuarei aqui fora.

Basta você me responder
e então se livrará de mim.
Então é só me dizer
e isso terá um fim.

Se não me quer,
diga-me de uma vez.
Mas, se me quiser,
ficarei até o fim do mês.

E ficarei mais, se você quiser.
Espero que você seja minha mulher.



"Pra não tocá-la, melhor nem vê-la. Como é que você pôde se perder de mim?", "Já não consigo não pensar em você". Trechos da música "Seguindo estrelas", dos Paralamas do Sucesso.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Faz sentido

Amizade. O que seria a amizade? Será que existe realmente tal relação? Existe alguém em quem você confia realmente?
Renato Russo já dizia: “Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo”.
Existem pessoas em quem confiamos, mas será que elas são mesmos confiáveis? Essa é a grande dúvida.
Para mim, existe Alguém em quem podemos confiar com certeza. Esse Alguém é Deus e Nele, por mais que você não acredite, você terá o verdadeiro sentido de amizade e amor.
Muitas vezes eu me pergunto por que Deus nos ama tanto. Não sei explicar. Talvez seja por que Ele quer que nós O amemos também, mas por que Ele quer o nosso amor?
Você já pensou se ninguém acreditasse em Deus? Se ninguém O amasse? Não teria o mínimo sentido a existência de Deus. Ele estaria sozinho.
Seria fácil demais para Deus nos dar a vida e não nos cobrar nada. Ele diria “vivam, façam o que quiserem fazer. Não há nada que vocês não possam fazer”. Mas assim não haveria um modo de demonstrarmos o nosso por Ele, pois poderíamos fazer absolutamente tudo, mas ninguém saberia dizer que uma pessoa amava a Deus porque não era necessário, pois Deus não nos cobrava nada. Tudo era permitido. Não havia bondade ou maldade. Não haveria como separar os bons dos ruins.
Mas, a partir do momento em que Deus nos diz o que devemos fazer, então sabemos separar os bons dos ruins. E, assim, a existência de Deus tem sentido.
Deus ama a todos, sem distinção de raça, cor ou qualquer outro tipo, pois todos são iguais, todos têm o mesmo valor. Deus ama até mesmo quem só pratica a maldade. No dia do Juízo, Ele separará os bons dos ruins, pois Ele quer viver eternamente com aqueles que O amam realmente. 


"Hoje muitos choram, mas não desistem de viver. Hoje muitos choram, sorrindo". Trecho da música "muitos choram" da banda Rosa de Saron.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Drogas

Hoje vi uma reportagem na televisão muito chocante. Todos os dias passam reportagens chocantes, violentas. Eu procuro nem assistir programas que passam esse tipo de reportagem, mas hoje passou num jornal que às vezes assisto, o jornal hoje.
Certo. A reportagem mostrava um pai, vindo a público para pedir desculpas e perdão. O filho dele havia matado a própria namorada depois de uma discussão. O detalhe é que o assassino estava completamente drogado; havia usado “crack”.
O rapaz que matou a namorada era um músico e já usava drogas há seis anos. Já havia passado por tratamento. A namorada dele sabia da situação e queria ajudá-lo a superar a situação. Talvez sua morte tenha sido causada por que tenha tentado evitar que ele usasse a droga.
Morreu por tentar ajudar o seu próprio namorado.
O assassino disse que não se lembrava de nada, que acordou e viu sua namorada morta. Talvez isso realmente tenha acontecido, como disse um psiquiatra na citada reportagem. Ele disse que isso é muito comum e que alguns presos, depois de muito tempo lembram do que fizeram e então o pessoal da cadeia chama o psiquiatra para tentar acalmar o detento.
Puxa, fico pensando: a pessoa mata e só depois de muito tempo lembra. Que doidera!!!
Só sei que vi o desespero da mãe da garota morta. É muito sofrimento. Nenhuma palavra do pai do matador vai diminuir o sofrimento daquela mulher e nem trazer a sua filha de volta.






“Há jovens nas esquinas, com drogas nas mochilas, curtindo uma liberdade artificial.” Trecho da música “Uma canção de amor pra você”, da banda Catedral.

domingo, 25 de outubro de 2009

Voz distante

A sua voz estava distante,
tão cortante e fria,
tão vazia e chocante.
Nenhum sentimento havia,
a não ser o pior sentimento,
tão nojento e repugnante,
tão incessante e rabugento,
mas o seu olhar é penetrante.
E na sua expressão tanta crueldade,
tanta falsidade e indecência,
tanta truculência e perversidade.
O seu estado beira à indigência.

Decidi ir embora, assustado,
com tanta inimizade e arrogância.
E depois de meses me vi obrigado
a manter uma certa distância.  


"Tem gente que machuca os outros. Tem gente que não sabe amar". Trecho de "Mais uma vez" de Renato Russo.