segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Nós precisamos conversar

Um sorriso. Bastou um belo sorriso e a vida de Jorge mudou completamente. Ele, que não tinha sorte nos relacionamentos, parecia ter encontrado a sua amada. Ela se chamava Amanda e apareceu na sua vida de repente, de um jeito meio inusitado.
Logo começaram a sair para almoçar, jantar e simplesmente conversar. A companhia dela era sempre muito boa para ele, que sempre queria estar ao lado dela.
E então veio o primeiro beijo e as primeiras juras de amor. E Jorge tinha grandes planos para eles. Mas Amanda parecia não estar preparada para tantos planos. Queria simplesmente uma companhia, alguém que a divertisse e a levasse para bons lugares.
O coração de Amanda parecia pertencer a outro homem e Jorge, mesmo com sua pouca experiência, já tinha percebido e começava a desconfiar que ela estiva saindo com outra pessoa.
Então, Jorge mudou o seu comportamento e começou a tratá-la com um pouco mais de virilidade, e ela achou estranho, pois sempre gostava de como ele a tratava.
Depois de alguns dias, o relacionamento deles estava indo por água abaixo. Amanda já não tinha mais a diversão que queria e Jorge não tinha o amor que tanto esperava.
Parecia que nada mudaria, que tudo acabaria. Mas foi nesse momento ruim que Jorge e Amanda descobriram o amor que sentiam um pelo outro. Foi com o diálogo que ambos perceberam que se amavam. Jorge disse que ela pensava em outro homem e ela disse que não havia homem algum. Só estava com medo de tantos planos; ainda não queria pensar no futuro, queria aproveitar o presente.
Amanda então se entregou ao amor. Ainda queria diversão, mas não queria só isso. Jorge voltou a ser quem sempre foi e as coisas se acertaram.


Nós precisamos conversar. Decidir o que vai ser”. Trecho da música Frente a frente, da dupla Matogrosso e Mathias.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Preconceito

Clara havia acabado de sair do banco, quando entrou numa loja de roupas, querendo comprar o vestido que ela tanto sonhava. Nesse momento, apareceu uma moça, uma vendedora cheia de sorrisos.
Clara foi direto ao vestido. Ela já sabia o preço, mas perguntou mesmo assim.
- Trezentos e cinquenta reais – disse a vendedora, com um pouco de indiferença, talvez porque Clara não estava bem vestida, ou porque Clara era negra ou simplesmente porque aquele vestido era o mais caro da loja.
- Qual é o desconto? – perguntou Clara, sabendo que não teria nenhum desconto.
- Esse é o preço para pagamento à vista ou no cartão – disse a vendedora, já olhando para a madame que chegava toda arrumadinha, olhando as primeiras peças da loja. – Enquanto você escolhe, vou atender aquela mulher – disse, demonstrando um pouco de insatisfação por atender Clara, como se soubesse que ela não compraria nada.
- Espere. Eu já escolhi. Eu quero esse vestido. Onde posso experimentar?
A vendedora, meio surpresa, indicou o vestuário e saiu rapidamente para auxiliar a madame, que olhava quase tudo e ia selecionando vários itens para experimentar, porém não comprou nenhum.
Então, Clara, que demorou no vestuário porque estava visualizando o vestido em todas as posições possíveis, saiu do provador e disse à vendedora que o vestido estava perfeito. Queria levá-lo. Ia pagar com o cartão de crédito.
A vendedora demorou para acreditar quando percebeu que o cartão tinha saldo suficiente. Olhou novamente para Clara, surpresa e desnorteada, e lhe entregou o vestido.
Clara saiu da loja quase chorando. Só não chorou porque já havia passado por situações piores.
A vendedora sentiu-se estranhamente vazia e, ao mesmo tempo, cheia de preconceitos. Teve vontade de chorar.

"Não seja um imbecil. Não seja um ignorante. Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante". Trecho da música Racismo é burrice de Gabriel, o pensador.

domingo, 2 de agosto de 2015

Voz distante

A sua voz estava distante,
tão cortante e fria,
tão vazia e chocante.
Nenhum sentimento havia,
a não ser o pior sentimento,
tão nojento e repugnante,
tão incessante e rabugento,
mas o seu olhar é penetrante.
E na sua expressão tanta crueldade,
tanta falsidade e indecência,
tanta truculência e perversidade.
O seu estado beira à indigência.

Decidi ir embora, assustado,
com tanta inimizade e arrogância.
E depois de meses me vi obrigado
a manter uma certa distância.


"Tem gente que machuca os outros. Tem gente que não sabe amar". Trecho da música "Mais uma vez" de Renato Russo.