sábado, 23 de dezembro de 2017

Planos (feliz ano novo)

Nesses últimos dias do mês de dezembro vivemos um tempo de muitas confraternizações, na escola/faculdade, no trabalho, com os amigos e com a família. É um momento em que relembramos o ano, tentamos estreitar os laços e desejamos que o próximo ano seja melhor.
E, quando chega o fim do ano, muita gente faz promessas, planos, metas e objetivos. Talvez seja um bom momento pra fazer isso, mas é preciso que não seja apenas um ritual, algo que é feito simplesmente porque é o fim do ano.
Muitas pessoas prometem emagrecer, fazer exercícios, estudar para concurso, fazer uma faculdade, visitar um parente de outra cidade, mas depois de uma semana já esqueceram e nem se importam mais. Tantos planos feitos apenas pra serem esquecidos logo depois.
Hoje em dia a vida está tão corrida e estamos sempre ocupados, mesmo quando não estamos fazendo nada. É uma procrastinação sem fim, deixando tudo para depois.
E se depois for tarde demais?
Será que terei tempo de realizar aquele sonho? Fazer aquela viagem que tenho adiado? Pedir desculpas por aquela bobagem que falei?
Se você não tem a intenção de cumprir, não faça nenhum pacto. Não é obrigatório fazer planos e promessas. Outro ano vem aí e o primeiro dia pode ser como qualquer outro. Depende de você torná-lo especial, não só com palavras, mas com atitudes.
Se algo deve ser mudado, mude. Se algo deve ser feito, faça. Se há alguma coisa a ser dita, diga.
Não existe varinha mágica, nem cor de roupa que traz dinheiro ou felicidade. Não vai ter facilidade. As coisas não vão cair do céu de mão beijada. Então, temos que agir e fazer o nosso melhor todos os dias, inclusive no fim do ano.


Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita”. Trecho da música “O que é, o que é?”, do cantor Gonzaguinha.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Garota de Ipanema

Tom estava fazendo caminhada na orla da praia de Ipanema, quando avistou uma garota caminhando um pouco mais à frente.
Ele estava escutando música utilizando o fone de ouvido do celular, viajando na letra e na melodia, meio distraído, mas logo tirou o fone da orelha e passou a olhar mais detalhadamente o caminhar gracioso daquela garota.
Foi se aproximando aos poucos e chegou perto o suficiente para sentir o aroma delicioso do perfume que exalava do corpo bronzeado dela.
Eles caminharam lado a lado por alguns segundos.
Oi – disse ela inesperadamente. – Espero que você não esteja me seguindo – ela completou, de forma bem-humorada. Antes de ele se aproximar, ela já tinha analisado o comportamento dele, ouvindo música, distraído, e concluiu que não havia nenhum perigo. Quando estavam pareados, ela sentiu que devia falar com ele.
Ah! Não! Só estou tentando seguir o seu ritmo. Parece que você é boa nisso.
Sim. Sempre estou me exercitando, caminhando, correndo, pedalando.
Em seguida, ela disse que se chamava Ana. Ele sorriu educadamente e disse seu próprio nome. Ela, então, começou a puxar assunto com ele, falando sobre o clima, exercícios, a praia.
Tom a ouvia muito atentamente e tentava responder da forma mais agradável e descontraída possível. Essa conversa durou cerca de cinco minutos e ele estava esperando que ela terminasse uma história que ela estava contando para pedir o número de telefone dela.
Mas, de repente, o celular dela tocou. Ela o atendeu e sua expressão logo se fechou, parecendo preocupada. Parou de caminhar instantaneamente e deu um leve aceno de despedida para Tom, que mal teve tempo de se despedir com outro aceno.
Em tão pouco tempo, Tom sentiu algo forte por Ana como se já houvesse uma conexão anterior e ele nem acreditava nesse tipo de coisa. Era como um metal que é atraído pelo ímã, mas agora ela estava distante.
Ele passou a caminhar todos os dias naquele mesmo local, no mesmo horário, na esperança de voltar a encontrar aquela garota que o deixou desconcertado. Entretanto, os dias passavam sem nenhum indício de Ana e ele sabia que a chance era bem pequena.
Agora ele só poderia torcer para que a sorte o abraçasse e o destino a trouxesse novamente para mais uma volta na orla da praia de Ipanema.


Ah! Se ela soubesse que quando ela passa o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo por causa do amor”. Trecho da música Garota de Ipanema, de Tom Jobim.


sábado, 25 de novembro de 2017

Um pouco de descaso

Cesar estava doente, passando muito mal. Então sua mãe o levou ao hospital, mas, depois de uma longa espera, foi informada que o caso era de um simples resfriado. Ele tomou um remédio e foi aconselhado a ir para casa, afinal logo estaria bem.
Mas a melhora tão esperada não veio e, passados dois dias, o quadro se agravou, com falta de ar e muita tosse. Dalva, mãe de Cesar, muito preocupada, decidiu procurar outro hospital e a médica deu o diagnóstico de gripe H1N1, sem realizar nenhum exame laboratorial.
Ele novamente tomou alguns medicamentos e foi pra casa, mas teve que voltar ao hospital um dia depois, pois a febre estava muito alta. Dessa vez, fizeram exames, que apontaram anemia. O tratamento seria simples e ele poderia continuar tomando os remédios. Você vai ficar bem rapidinho, disse a médica.
Eles voltaram mais duas vezes no mesmo hospital, suplicando para que ele fosse internado, pois ele respirava com muita dificuldade, entretanto foram informados que se tratava apenas de uma gripe. Portanto, não havia urgência.
Decidiram ir novamente no primeiro hospital, mas também não conseguiram a internação; foi feito apenas um tratamento de inalação. No outro dia, retornaram à clínica, pois os sintomas estavam cada vez piores. Novamente, nada de internação, afinal de contas o quadro de saúde de Cesar não era grave nem urgente. Tomou apenas uma injeção.
No dia seguinte, ele acordou com falta de ar e, finalmente, um médico diferente se compadeceu da situação e se dispôs a ajudar, iniciando um tratamento com soro e oxigênio. Entretanto, logo o doutor percebeu que o quadro do paciente era gravíssimo e solicitou uma ambulância para que levasse Cesar para a cidade vizinha, pois não havia estrutura ali para o seu tratamento.
Infelizmente, já era tarde demais. Cesar não resistiu a tanto descaso, seus pulmões tinham mais de dois litros de água em seu interior e o atestado de óbito indicava que a causa da morte foi broncopneumonia bilateral, ou seja, pneumonia nos dois pulmões.
Uma sindicância, um boletim de ocorrência e um processo foram abertos. A imprensa local fez um pouco de alarde. Teve até passeata, mas o caso logo será esquecido como tantos outros que acontecem quase diariamente.
Para o sistema de saúde, Cesar é só mais um número, uma estatística, um caso infeliz que deve ser empurrado para debaixo do tapete. Para Dalva, ele era tudo, seu filho único, que partiu mais cedo e vai deixar muitas saudades.



Pelo amor de Deus, alguém me ajude! Emergência! Eu tô passando mal. Vou morrer aqui na porta do hospital. Era mais fácil eu ter ido direito pro Instituto Médico Legal”. Trecho da música Sem Saúde de Gabriel, o Pensador.


sábado, 11 de novembro de 2017

Laço (destino)

Era um dia como outro qualquer.
Tudo acontecia normalmente.
Gustavo não estava procurando mulher;
estava tentando apenas distrair a mente.

Mas tudo só acontece quando tem que acontecer.
Parece que está tudo programado.
Gustavo tinha que conhecer
a mulher que o deixaria apaixonado.

E, no momento em que seus olhares se cruzaram,
ele soube que ela era a mulher tão esperada.
Ela também compreendeu, e logo se apaixonaram.
Ela seria para sempre a sua amada.

E tudo aconteceu tão naturalmente.
Parece que algo os unia,
um laço os ligaria eternamente
e se apaixonariam a cada dia.


A primeira vez que te olhei o meu coração disparou. E tão de repente eu notei que alguma coisa mudou.” Trecho da música Amor à Primeira Vista, do cantor Jorge Aragão.





quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Hora de decidir (caso)

Natalie era jovem, cursava o primeiro período do curso de Enfermagem e começou a se envolver amorosamente com Jorge, um rapaz um pouco mais velho. No começo, ele demonstrou ser romântico, conquistando-a com muita lábia, um buquê de flores e experiência.
Ela o achava divertido e despojado e eles se davam muito bem. Ela estava muito feliz, acreditando que Jorge poderia ser o homem da sua vida.
Passados dois meses, ela percebeu que sabia pouco da família dele e disse que queria conhecer seus futuros sogros, mas ele informou que eles moravam em outra cidade, bem distante.
Dias depois, ela notou que seus encontros eram geralmente rápidos e eles nunca dormiam juntos, pois ele alegava motivos profissionais, distância do trabalho, horário de entrada, viagens e acúmulo de tarefas. Ela lembrou que não podia mandar mensagens ou ligar para ele, pois ele tinha pedido que ele sempre iniciasse as comunicações.
Ela estava muito desconfiada e, após outro encontro, ela o observou lá fora conversando no celular após sair da casa dela.
Eu sei que tá tarde. Eu tava numa reunião – ele falava baixinho, mas Natalie conseguia ouvir. – Eu sei, eu sei. Amanhã recompenso você e os meninos, tá bom?
Ele desligou e, em seguida, viu Natalie surgir na frente dele.
Então você é casado…
Ele teve que admitir e, em seguida, começou a contar sobre os problemas do seu casamento, que ele foi forçado a se casar com sua esposa por causa da gravidez dela, que ela é fria e obsessiva, que há muito tempo quer se separar, mas seus filhos são muito pequenos…
Ele contou tantos problemas que Natalie chegou a ter pena de Jorge. O relacionamento deles continuou, mas ela estava insatisfeita em ser apenas a amante e começou a pedir que ele deixasse sua esposa.
Mas ele voltava a falar dos inúmeros problemas que teria caso a separação ocorresse agora. Ela tinha que esperar mais um pouco. E o tempo foi passando, mesmo com essa insatisfação constante.
Depois de quase oito meses de envolvimento, Natalie voltou a desconfiar de Jorge e o seguiu. Ao chegar na casa dele, ela viu que o casamento dele não era tão problemático como ele contava. Na verdade, o casal parecia muito feliz e apaixonado, pois ele foi recebido por sua esposa com muitos beijos e abraços, e a relação dele com os filhos parecia em perfeita harmonia.
Ela ficou extremamente triste e soube instantaneamente que deveria dar um fim no seu caso. Essa palavra veio na sua mente e ela se sentiu mal. Não queria ser amante, não queria separar uma família e, acima de tudo, não queria um mentiroso na sua vida.
No outro dia, Jorge foi até a casa de Natalie, mas ela nem sequer abriu a porta. Disse que estava acabado. Ele tentou argumentar com a sua melhor lábia, mas suas desculpas e mentiras não funcionariam mais.
Ela estava decidida. Sua vida mudaria a partir dali. Não olharia para trás. Seria feliz com alguém que a amasse de verdade. Ela chorou, sabendo que o tempo curaria suas feridas e desejando um futuro melhor.


Você não sabe o quanto dói pra mim ter que partir. Mas não aguento essa sua indecisão. Não me assume, mas também não abre mão.” Trecho da música Bobo fui eu, da dupla Zé Neto e Cristiano.



sábado, 14 de outubro de 2017

Uma explicação

Há quanto tempo não ouço a sua voz? Já faz um tempo que não converso com você. Parece uma eternidade, mas só se passaram três dias.
Começo a pensar que você me esqueceu e que já não me quer mais. Você deve ter encontrado alguém bem melhor do que eu (como se pudesse existir pessoas melhores do que as outras).
Talvez eu esteja errado e você só esteja confusa e tenha sido apenas uma mais briga boba, mas é difícil pensar diferente neste momento.
Eu queria que isso não passasse de um mal-entendido e tudo voltasse ao normal, mas os meus pensamentos não conseguem se equilibrar quando você não está por perto e eles me dizem que é melhor não esperar por você e que tentar esquecer que formamos um belo casal é a melhor opção. Mas isto não será nada fácil.
O desejo é pegar o telefone e ligar pra você, mas não quero perder esse duelo pra que você não fique achando que está numa posição de vantagem. Talvez você também esteja esperando que eu ligue. É difícil saber.
Mas eu queria ouvir a sua voz, pelo menos para que você tentasse me explicar o que está acontecendo, afinal de contas eu mereço uma explicação. Fique tranquila: eu não sairei chorando feito um bobo antes de você ter me explicado tudo. E espero que eu não precise chorar porque não sou muito bom em dramaturgia.


Se você pretende sustentar opinião e discutir por discutir só pra ganhar a discussão eu lhe asseguro, pode crer que quando fala o coração às vezes é melhor perder do que ganhar”. Trecho da música Discussão, de Elis Regina.




sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Amor-próprio

Joel estava triste, sentia que seu mundo havia desabado, estava perdido, sem saber o que fazer. Tudo parecia confuso, sem sentido e nada ao seu redor parecia existir. Só havia um vazio e o seu pensamento que vagava e vagava sem parar e sempre parava no mesmo ponto. Por que ela me deixou?
Seu namoro de três anos havia terminado de forma repentina. Talvez ele não tenha se atentado aos sinais claros de desgaste ou até tenha notado, mas no momento ele não conseguia entender o que tinha acontecido.
Os primeiros dias foram especialmente difíceis e dolorosos. O tempo passava devagar e havia uma esperança de que tudo voltaria ao normal. Mas os dias passaram e a solidão continuava.
Ele tentava se manter ocupado a maior parte do tempo, trabalhando, estudando, jogando futebol e trabalhando mais ainda, até mesmo em casa. Seus amigos tentavam ajudá-lo, levando-o a lugares em que pudesse conhecer outras mulheres. Ele geralmente não ia, mas de vez em quando ele tinha que ir. Seus amigos eram insistentes e o levavam para baladas noturnas com mais bebedeira do que mulheres.
O tempo passou e ele percebeu que sua vida não estava indo bem. Ele continuava perdido e então decidiu que precisava mudar. Ele tinha que tirar algo de bom dessa situação e teve a humildade de admitir que estava mal e de procurar ajuda na internet em sites especializados e em livros de desenvolvimento pessoal.
Pouco tempo depois, ele se surpreendeu com a quantidade de coisas legais para fazer, projetos inacabados, adiados, que agora poderiam sair do papel, viagens interessantes, hobbies sensacionais e outras formas de entretenimento.
E ele percebeu que deveria se sentir bem sozinho, que não precisava de ninguém para ser feliz, que a vida vai muito além de um relacionamento amoroso.
Ele redescobriu o amor-próprio, a autoestima e a autoconfiança. Passou a ser mais divertido e a rir de si mesmo, e começou a ver o lado positivo de qualquer situação e a se recuperar mais rapidamente de emoções e sentimentos ruins.
Quando olhou para trás, relembrou do término do namoro e sorriu ao perceber que aquele foi o pior e o melhor evento de sua vida.


And now I know, I'm better sleeping on my own. [Agora eu sei, estou melhor dormindo sozinho]. You should go and love yourself. [Você deveria ir e amar a si mesma].” Trechos da música Love Yourself, do cantor Justin Bieber.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Olhar perplexo (oportunidade perdida)

Leonardo estava numa clínica médica para a realização de exames de rotina, quando uma garota entrou, falou com uma atendente e se sentou perto dele.
Ele estava lendo uma revista, mas logo a abandonou para olhar mais detalhadamente a garota que tinha acabado de se sentar tão perto que ele estava sentindo o aroma delicioso do perfume que exalava do corpo dela.
Inesperadamente, ela disse que se chamava Jane e ele sorriu educadamente e disse seu nome. Ela, então, começou a puxar assunto com ele, perguntando sobre a clínica, o médico, os exames.
Leonardo, impaciente e meio desajeitado, não se atentou, mas ela talvez estivesse tentando chamar a atenção dele.
Ele, vendo aquela maravilhosa mulher o olhando enquanto falava, ficou meio inquieto e ansioso, sem saber qual atitude deveria tomar.
Havia mais duas pessoas naquela sala e uma delas lhe perguntou algo, mas ele não respondeu porque nem escutou a pergunta, pois estava em transe, viajando no meio dos seus pensamentos. Ele só pensava naquele olhar perplexo o encarando, como se dissesse “Você vai ficar parado aí só me olhando?”.
Em seguida, a atendente chamou o nome dele para entrar no consultório do médico e Leonardo então perdeu a chance de pedir o número do telefone de Jane, pois quando ele saiu da sala de exames ela já tinha ido embora.
Nesse momento, ele ficou angustiado, sentindo que perdeu uma grande oportunidade. Provavelmente ele nunca mais a veria e, desse modo, não saberia se ela estava sendo apenas simpática ou se ela queria mesmo que ele deixasse a timidez de lado e a chamasse pra sair.
Mas de repente uma ideia surgiu na sua mente e ele foi falar com a atendente, pois imaginou que a clínica tinha o telefone de Jane registrado. A secretária não quis revelar qualquer informação inicialmente, mas Leonardo contou sobre a troca de olhares e ela então ficou comovida e verificou se existia algum número no cadastro de Jane.
A esperança de Leonardo logo foi desfeita quando a atendente informou que não havia nenhum número de telefone naquele cadastro. Ela, então, ofereceu-se para ajudá-lo caso Jane aparecesse ali outra vez para o retorno da consulta.
Ele a agradeceu imensamente pela gentileza, mas sabia que era algo muito improvável. Rapidamente ele procurou pelo nome de Jane nas redes sociais, mas a pesquisa não foi positiva. Que azar, ele pensou.
Agora ele só poderia torcer para que a sorte o abraçasse e o inacreditável se tornasse real e prometeu a si mesmo que não deixaria mais passar oportunidades como essa.


All I see is missed opportunity. [Tudo que eu vejo é oportunidade perdida]” Trecho da música Missed Opportunity, da dupla Daryl Hall e John Oates.




terça-feira, 5 de setembro de 2017

Ímã

É difícil de acreditar que eu esteja querendo abrir meu coração depois de tanto tempo. Mas você chegou de repente, de mansinho, e me fez voltar a desejar algo mais envolvente.
Logo eu que não queria me envolver, que estava protegido de qualquer emoção, seguindo a moda de não se apegar, evitando relacionamentos de longo prazo. Provavelmente eu só estava tentando me esconder e proteger meu coração machucado de mais uma decepção.
E agora estou disposto a baixar minha guarda e se entregar ao amor. Mas não antes de me assegurar que você não é só mais uma que vai embora sem deixar saudades ou, ao contrário, uma que vai deixar muitas lembranças e meu mundo sem chão.
Mas não existe esse tipo de segurança, só existem indícios, meras expectativas. É tão bonito acreditar que tudo vai dar certo, que vai ser perfeito, que existe uma confiança inabalável e vamos ser felizes para sempre, mas tudo pode desabar tão rapidamente, sem aviso prévio. De fato, o que existe é a esperança de que seremos uma das exceções nesse mundo cheio de fingimento e reviravoltas.
Então, o que fazer, se a minha vontade é correr esse risco, abraçar esse medo até que ele suma e deixar fluir esse sentimento que está se formando?
Há uma espécie de conflito entre a proteção e a vontade, porém, quanto mais me aproximo de você, esse aparente embate tende a seguir para o caminho de um relacionamento sério, o que pra mim era inimaginável até alguns dias atrás.
E eu fico pensando no que você tem de especial para despertar esse sentimento e simplesmente não consigo explicar. No fundo, acho que não deve mesmo existir uma explicação, mas algo em você é como um ímã e eu fico inevitavelmente atraído pelo seu olhar.
Só me resta fazer o meu melhor por nós e esperar que tudo corra bem porque não posso mais ficar preso dentro de mim mesmo, deixando a oportunidade passar.


Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.” Trecho da música All Star, de Cássia Eller.


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A mala é falsa? (barraco)

Malas prontas, roupas jogadas no meio da rua, objetos atirados por todos os lados.
Thiago teve uma enorme surpresa quando chegou em casa. Ele simplesmente não sabia o motivo daquilo. Pensou até que a casa tinha sido assaltada.
Na cama havia somente um bilhete. Ele leu rapidamente. Como você pôde fazer isso comigo?” Era só o que estava escrito no pedaço de papel que ele tinha nas mãos.
Ele não estava entendendo nada. Ligou no celular de sua esposa: fora de área. O que está acontecendo?
Minutos depois, a sua esposa chegou gritando e chorando.
Como você pôde me trair com aquela vadia? Você é um cachorro, safado.
Ela disse tantos outros palavrões que nem dá pra descrever. Mas ele continuava sem entender nada.
Por que você acha que eu te traí? – ele perguntou simplesmente, tentando manter a calma.
Foi o seu próprio irmão que me disse. Ele não mentiria sobre isso.
Pois ele mentiu e você deveria ter investigado antes de fazer tudo isso – disse ele, parecendo irritado.
Mas por que eu duvidaria do seu irmão? Ele nunca mentiu pra mim – ela disse entre um soluço e outro.
Ele não passa de um cafajeste que se faz de santo perto de você com segundas, terceiras e quartas intenções. Só você não vê isso.
Ela ficou pensando e acabou lembrando que a sua sogra já tinha falado que o seu cunhado tinha uma leve queda por ela.
Ela chegou perto de seu marido e o abraçou com força, aos prantos.
Me perdoe, meu amor. Eu tenho tanto medo de te perder – disse ela, tentando conter o choro.
Ele disse que ela devia confiar mais nele e tudo ficaria bem, depois que ela apanhasse as roupas e objetos que estavam jogados pela casa e na rua.
Depois de tudo, fizeram amor como na lua de mel.


Veja só que tolice nós dois brigarmos tanto assim, se depois vamos nós a sorrir, ficar de bem no fim.” Trecho da música Brigas, de Cauby Peixoto.


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ameaça de felicidade (dúvida)

É difícil de acreditar,
mas você chegou de repente
e me fez voltar a desejar
algo mais envolvente.

Logo eu que não queria me envolver,
que estava protegido de qualquer emoção,
talvez tentando me esconder
e proteger meu despedaçado coração.

Minha guarda logo poderia baixar,
mas antes eu queria me assegurar
que você não era só mais uma,
que se vai como a bruma.

Mas existe esse tipo de segurança?
É um risco que eu não queria correr,
uma mistura de medo e esperança,
um sentimento que não consigo conter.

E então o que devo fazer?
Você mudou a minha forma de pensar e agir
e agora vou ter que deixar acontecer
e com o tempo vou descobrir.



Eu tenho dúvida, em relação ao teu amor. Eu tenho medo. Quando eu me entrego é pra valer”. Trecho da música Eu Tenho Dúvida, do cantor Diogo Nogueira.



terça-feira, 8 de agosto de 2017

Bala perdida

Rafaela estava muito feliz. Seu dia tinha começado de forma perfeita, pois seu maior desejo tinha se realizado. Rogério, seu colega de classe, tinha finalmente criado coragem de se declarar para ela e eles tinham se beijado pela primeira vez.
Eles faziam o 2º período do curso de Odontologia e ela estava esperando por isso desde o semestre anterior, mas ele sempre se mostrava tímido demais para tentar algo além da amizade que havia se formado entre eles.
Para completar a felicidade dela, sua nota na prova da disciplina Histologia Bucal tinha sido a mais alta.
Na saída da faculdade, contou tudo nos mínimos detalhes para as suas colegas e elas ficaram muito contentes e sorridentes.
Depois do bate papo, ela e sua melhor amiga, Rosana, resolveram ir para o ponto de ônibus andando como geralmente faziam.
De repente, Rafaela gritou e caiu, e Rosana ficou assustada, sem saber o que tinha acontecido, mas logo viu sangue jorrando no chão e ouviu o barulho de tiros sendo disparados. Rosana se abaixou, examinou o corpo da amiga e gritou por ajuda.
Vai ficar tudo bem – disse ela, tentando acalmar sua amiga baleada.
Os tiros continuavam, mas Rosana não conseguia identificar de onde eles vinham, suspeitando da favela no morro ao lado da avenida em que estavam. Apesar do risco de também serem alvejadas, algumas pessoas vieram ajudar Rafaela e chamaram uma ambulância, que chegou em menos de quatro minutos.
Por sorte, o tiro acertou a coxa de Rafaela a cerca de cinco centímetros da artéria femoral, local que traria maior perigo de morte.
Mais tarde no hospital, com o risco de morte afastado, ela viu Rogério sentado ao seu lado e sorriu, feliz. No final, tinha sido um dia de felicidade.
Nada vai estragar o meu dia, ela pensou e agradeceu por sua vida.


Porque eu tô indo pro trabalho com medo da morte. Nessas horas eu queria ter um carro-forte pra poder sair de casa de cabeça erguida e não ser encontrado por uma bala perdida.” Trecho da música Bala Perdida, do cantor Gabriel, o Pensador.


sábado, 29 de julho de 2017

Arrependimentos e sonhos

Há tantas coisas que eu deveria ter feito, tantas situações em que eu tinha que ter agido e não agi. Nesses casos, só posso supor o que poderia ter acontecido. E não posso ficar lamentando, afinal já passou. Bola pra frente.
Tem um ditado que diz que é melhor se arrepender do que fizemos do que daquilo que não fizemos. Ou seja, devemos agir sempre que for possível. Como toda regra tem sua exceção, provavelmente não vamos nos arrepender de não termos realizado um genocídio.
Há tantas coisas de que me arrependo ter feito. E quem nunca se arrependeu de algo? Nesses casos, seria melhor não ter agido, não é? Mas já passou. Vamos seguir em frente.
O que eu gostaria de fazer? Queria poder ouvir as músicas de que gosto mais vezes, assistir aos melhores filmes, ler os melhores livros, viajar e passear mais com as pessoas que amo, sem se importar com o tempo, o lugar ou qualquer condição.
Queria ter muitos amigos, no verdadeiro sentido da palavra. Não aqueles que só servem para pedir ajuda nos momentos de dificuldade e que não ajudam e nem aparecem nos momentos difíceis.
Queria também poder ser mais amigo de quem se importa comigo, ser mais gentil e paciente.
Queria ir para um lugar distante, um lugar deserto e calmo, tipo uma praia desconhecida, com belas paisagens, longe de problemas e aflições, nem que seja por um minuto.
Enfim, queria vivenciar a felicidade em todos os momentos e me divertir sempre que possível.
Aliás, queria não. Eu quero! Afinal de contas, há muito para se viver e temos que buscar realizar os nossos sonhos.


Como é bom sonhar e o que ficou pra trás passou e eu não me importei. Foi até melhor, tive que pensar em algo novo que fizesse sentido”. Trecho da música Lugar Ao Sol, da banda Charlie Brown Jr.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Uma frase tão simples

Quando você ouviu o que eu disse,
você sorriu e me beijou.
Eu disse uma frase tão simples,
mas você se emocionou,
como se esperasse há muito tempo
e desejasse ansiosamente aquele momento.

E eu, que não tinha certeza,
vi no seu lindo olhar,
cheio de rara beleza,
o amor que eu esperava encontrar.

Então me disse o que eu queria ouvir
e eu nunca mais lhe deixarei partir.


Pra que o mundo inteiro enfim possa ver vou mandar publicar em letras garrafais essa frase tão simples… Te amo, te amo, te amo, te amo demais”. Trechos da música Em Um Outdoor, do cantor Zeca Pagodinho.


sexta-feira, 7 de julho de 2017

Uma corrente positiva

Muitas vezes tento encontrar um caminho para seguir, mas não o encontro. Geralmente o que encontro são pessoas que não se interessam pelo bem de ninguém, pessoas que estão sempre ocupadas demais para se preocuparem com os problemas dos outros.
Por que devo me preocupar com o problema de outra pessoa? Eu já tenho problemas demais! É o que essas pessoas pensam.
Outras vezes eu me decepciono vendo que até pessoas que poderiam ser chamados de amigo nos dão as costas no menor sinal de dificuldade.
Todas as pessoas passam por problemas e dificuldades e, quando isso acontece, querem ajuda. Mas, quando podem ajudar, não fazem nada. E essa ajuda pode ser apenas uma conversa, um apoio moral, um simples conselho. É na simplicidade que se encontra a solução dos problemas mais complexos.
O cotidiano e a rotina nos deixam alienados. Estamos sempre fazendo as mesmas atividades e, quando temos algum tempo livre, não o aproveitamos da maneira mais produtiva ou para resolver algo que há muito tempo deveríamos ter resolvido. Falar ou visitar alguém que não vemos há muito tempo? Deixa pra depois. E assim vamos deixando passar o tempo.
Mas a vida é curta e por isso devemos aproveitá-la, vivendo intensamente, sendo mais amigo e ajudando quando pudermos, pois uma boa ação gera uma corrente positiva.


Buscar a paz, cativar um amigo, oferecer o meu melhor sorriso a quem vem de lá, fazer o bem o quanto eu puder […] Ir além, ser a diferença na vida de alguém […] Seja você mais um elo também nessa corrente do bem”. Trechos da música Corrente do bem, de Robson Ribeiro.


sexta-feira, 23 de junho de 2017

Te enxergando pela primeira vez

Você sempre esteve por perto, mas eu não te via. E agora, de repente, eu não consigo tirar os meus olhos dos seus.
Era como se eu pudesse ver as estrelas mesmo num dia ensolarado e eu não conseguia me conter porque era você que eu via e meus olhos irradiavam luz por causa da emoção de te enxergar de verdade pela primeira vez. Dessa vez, eu te vi realmente, de um jeito totalmente diferente.
Parecia que eu estava olhando para outra pessoa, apesar de saber que era você, a mesma pessoa de sempre, e eu nunca tinha reparado na sua incrível beleza.
Era como um alarme de incêndio que depois de muitos anos foi disparado, como uma venda que caía dos meus olhos. De repente, você estava na minha frente e eu não conseguia tirar os meus olhos dos seus.
Então, se você não mudou, fui eu que mudei. Será que você também viu o que eu vi?
Não demorou muito e o seu rosto ficou corado e você sorriu de forma tímida e alegre, e eu então soube que você estava esperando por isso há muito tempo. E, sem dizer nada, fui me aproximando e nos beijamos finalmente.



Quando vi você, quase não acreditei. Nem vi você mudar, nem vi você crescer, mas nunca te imaginei assim. [...] Difícil acreditar que depois de tanto tempo eu iria me ligar em você”. Trechos da música Tudo Mudar, da banda Charlie Brown Jr.


sexta-feira, 9 de junho de 2017

Quando você disser "eu te amo"

Quando você disser “eu te amo”, não espere que eu diga o mesmo. Pode até ser que eu diga que também te amo, mas não será com o mesmo entusiasmo de antes.
Eu esperei tanto que você me dissesse essa linda frase, mas agora acho que não quero mais ouvi-la.
É até difícil pensar em dizer não para você, porém eu não posso mandar nos meus sentimentos. Eles são traiçoeiros e mudam sem parar.
Acho que você não quer tomar a iniciativa justamente por não saber que resposta eu darei. Realmente não é uma decisão fácil. Talvez você também esteja me esperando.
Você deve estar pensando que eu “estou me fazendo de difícil”, mas não é nada disso. Não tenho esse tipo de vaidade; só estou confuso.
Era sempre eu que tentava ter você ao meu lado, e agora é o contrário. Talvez essa mudança tenha apagado um pouco a chama, aquele frio na barriga, o encanto. Quem sabe eu não seja tão sentimental assim, tão sensível como deveria ser.
Quando você disser “eu te amo”, não espere que eu diga o mesmo.
Talvez eu esteja só complicando as coisas. Talvez eu precise dar uma chance a nós dois. Pode ser que eu só esteja meio perdido. Talvez precipitado, insensato e muito indeciso.
Quando você disser “eu te amo”, já não saberei o que dizer.


Tenho andado distraído, impaciente e indeciso e ainda estou confuso, só que agora é diferente. Estou tão tranquilo e tão contente.” Trecho da música Quase Sem Querer, da banda Legião Urbana.


quinta-feira, 25 de maio de 2017

O que houve com o nosso olhar?

Quando Saulo chegou em casa, depois de mais um dia exaustivo de trabalho, viu sua namorada sentada no sofá e havia duas malas ao redor. Ele ficou assustado e perguntou:
O que é isso?
Ela se levantou, pegou as malas, começou a andar em direção à porta e disse apenas:
Há muito tempo tenho adiado isso. Não dá mais. Acabou. Simples assim.
Saulo não tentou correr atrás dela depois que ela saiu, afinal de contas ele sabia que realmente tinha acabado. Ele sentia que eles estavam prolongando algo que tinha acabado há muito tempo. O que aconteceu com a gente? Ele se perguntou e não sabia a resposta.
Era mesmo difícil de explicar ou de entender, pois no começo eles formavam um belo casal. Tudo estava indo muito bem, eles se divertiam bastante e tinham muitos pontos em comum. Era como se estivessem numa constante lua de mel.
Mas, depois de um ano morando juntos, os pequenos defeitos um do outro começaram a aparecer e mudaram a forma como cada um via o outro. Marina já não achava Saulo tão especial assim. Na verdade, muitas vezes ele era comum até demais. Saulo já não achava Marina tão interessante assim. De fato, ela tinha algumas atitudes infantis e seu interesse foi diminuindo com o tempo.
Foi a rotina? O tempo? Incompatibilidade? Falta de química? Falta de vontade de fazer dar certo? Falta de diálogo? Saulo tinha muitas perguntas e poucas respostas, mas lá no fundo ele sabia o motivo.
Ele já tinha percebido que ela o olhava de forma diferente, seu sorriso não era o mesmo, suas atitudes também tinham mudado. Há algum tempo eles fingiam que estava tudo bem, mas o que antes era amor se transformou num simples companheirismo, numa convivência “forçada”, numa simples amizade com benefícios.
Marina também se perguntava o que tinha acontecido e ela também não sabia ao certo, mas imaginava que simplesmente não era ele “o escolhido”, o grande amor da sua vida. Não era pra ser, não era seu destino. Ou talvez ela não tenha se esforçado o bastante e ele também não demonstrou vontade de ir além, pois o olhar dele também tinha mudado.
O fato é que depois de algum tempo ela percebeu que tinha chegado o fim. Ele também sentia isso, e agora cada um vai seguir o seu caminho, levando consigo essa experiência para a vida toda, especialmente o que aconteceu de melhor, e esperando que o futuro traga a felicidade tão almejada.


Quando tudo virou lembrança, então eu sei que acabou. Quem dera eu saber: o que houve com nosso olhar?”. Trecho da música Seis Nações, da banda Rosa de Saron.