sexta-feira, 15 de julho de 2011

Bebida

Era um dia normal, um dia como qualquer outro. Gustavo resolveu sair com os amigos. Eram umas duas horas da tarde e eles decidiram beber um pouco.

Lá pelas cinco da tarde, quando eles já tinham bebido e se divertido bastante, Gustavo decidiu que queria ir para outro lugar; beber mais um pouco.

Os seus amigos não queriam deixar Gustavo dirigir, afinal ele tinha bebido demais, mas Gustavo insistiu tanto que seus amigos deixaram.

Enquanto isso, algumas crianças brincavam de bola numa rua distante e sem muito movimento. Elas se divertiam com a sua inocência ainda intacta.

Gustavo saía do bar em que estava e trafegava no seu carro novo pelas ruas da cidade a toda velocidade. Ele não costumava fazer isso. Era um sujeito comportado e pacato, mas quando bebia ficava impulsivo e descontrolado.

A mãe de Leonardo, uma das crianças que brincava de bola, gritou:

- Menino, vem pra casa. Sai do meio da rua.

E Leonardo saiu da rua no instante em que Gustavo dobrou e colidiu com três crianças, que morreram no mesmo instante. O impacto foi tão forte que as crianças foram arremessadas a dezenas de metros de distância. 

Enquanto Gustavo fugia, ninguém se lembrou de anotar a placa do carro porque estavam muito preocupados em socorrer os garotos acidentados.

Naquele momento a dor era maior. Havia um desespero no ar. Os culpados podiam esperar. Logo seriam identificados, pois o carro de Gustavo era o único do modelo na cidade.

“São as pequenas coisas que valem mais. É tão bom estarmos juntos. Tão simples: um dia perfeito.” Um dia perfeito – Legião Urbana.

terça-feira, 12 de julho de 2011

De você

De você

Hoje não quero falar de você.
Estou tentando te esquecer.
E por isso devo escrever
sobre o futuro, o envelhecer

ou sobre a violência constante,
a impunidade incessante,
a morte tão temida,
a dor de uma despedida.

Ou sobre a política nacional,
tudo sempre tão igual,
um partido conservador e outro liberal,
disputando um cargo federal

e as propinas e vantagens indevidas
e as secretárias cada vez mais atrevidas.
Não! Não quero falar dessa roubalheira.
Prefiro escrever sobre uma ratoeira.

E eu quase tinha esquecido:
o terrorismo, sem razão aparente,
transforma sonhos em concreto destruído,
vidas num mar de sangue quente.

Sobre muitas coisas posso escrever,
mas ainda não esqueci de você.


“Não me diga que o mundo anda mal, hoje eu nem quero ler o jornal. Só quero escrever uma canção de amor pra você.” Uma canção de amor pra você – Catedral.