domingo, 5 de setembro de 2010

Quando menos se espera...

Os dias passavam tão devagar. Depois que ela se foi, o tempo parece que havia parado.
Gilberto mantinha-se ocupado a maior parte do tempo, trabalhando, estudando, jogando futebol e trabalhando mais ainda, até mesmo em casa. Ele tinha que manter a sua mente longe de qualquer pensamento, pois tudo que vinha à sua cabeça, cedo ou tarde, acabava indo na direção dela.
E já havia se passado quatro longos meses desde que ela partiu em direção ao que ela sempre quis: viajar pelo mundo, conhecer a cultura de outros povos, sem preocupação, sem vínculos, sem peso na consciência.
Ela queria ser livre e tinha deixado isso bem claro a Gilberto. Um dia ela partiria e não voltaria mais.
Ele já sabia, mas acreditava que ela acabaria desistindo do seu sonho por causa dele. Triste ilusão. Quem sabe o que ele mais gostou nela foi essa expectativa, essa esperança, de poder fazer com que ela mudasse de idéia. Ou até mesmo esse medo que ele tinha de que ela fosse embora de repente.
De qualquer forma, agora ela estava longe e ele não tinha mais nem notícias dela. Sabia que ela não voltaria e as coisas estavam ficando cada vez mais difíceis.
Seus amigos tentavam ajudá-lo, tentavam levá-lo a lugares em que pudesse conhecer outras mulheres. Ele geralmente não ia, mas de vez em quando ele tinha que ir. Seus amigos eram insistentes. E algumas mulheres apareciam e, em cada uma delas, via o sorriso da sua antiga namorada.
Mas um dia, talvez por acaso, outra mulher cruzou o seu caminho em seu trabalho. Era a sua nova diretora. Uma mulher nova e audaciosa; tinha muitos objetivos. Talvez por isso, Gilberto gostou dela instantaneamente.
E, aos poucos, ela também foi se interessando por ele. Via que ele era muito solitário, que parecia perdido.
Um dia ele teve coragem de chamá-la para jantar e ela aceitou. Conversaram bastante e eles se encantavam cada vez mais um pelo outro. Parecia que combinavam em tudo. Dava para perceber algo diferente nos seus olhares. E, no fim da noite, Gilberto perguntou se ela queria começar uma nova história com ele ao lado dela.
Ela disse que sim e que nunca iria abandoná-lo.
Gilberto mostrou-se aliviado e já não pensava na sua antiga namorada. Queria dividir a sua vida com a sua nova diretora.
- Você agora vai dirigir a minha vida – disse ele. 


“Eu sei que vou te amar por toda a minha vida”. Eu sei que vou te amar – Tom Jobim.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Só uma opinião

Há dias em que dá tudo errado. Parece que acordamos destinados ao fracasso. Azar, mal olhado, falta de sorte, destino ou simplesmente acontecimentos normais?
Não sou do tipo que acredita nessas crendices populares, só porque são populares. Tem muita gente que vai pelo que os outros acham ou acreditam. Isso vai de cada um. E todas as opiniões são válidas, mas nem todas são corretas.
Se nada deu certo, acho que não era pra dar, pelo menos naquele momento. Acredito que cada coisa acontece no seu devido tempo. Algo que chamam de destino. Mas também há algo que chamam de acaso. Mas será que o acaso não é o destino? Como saber, não é mesmo?
É até fácil compreender que uma pessoa pode justificar que se tudo na vida já está destinado a acontecer, então que graça tem a vida? Pois é. Boa pergunta.
Então, acho mais razoável existir o destino, o acaso e o livre arbítrio. Ou uma mistura disso. Não sei se estou certo. É mais uma opinião no meio de tantas. Cada um tem a sua.

“Devia ter me importado menos com problemas pequenos”. Epitáfio – Titãs.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pré-conceito

Clara havia acabado de sair do banco. Tinha passado exatos sessenta e cinco minutos pra pagar uma conta atrasada, que só poderia pagar ali. Ela ainda não entendia por que tinha que esperar tanto tempo pra pagar uma conta, afinal ela era cliente e o credor é que deveria estar correndo atrás do dinheiro, facilitar a forma e o tempo do pagamento.
Mas ela já até tinha esquecido isso, quando entrou numa loja de roupas, querendo comprar o vestido que ela sonhava havia alguns dias. Nesse momento, apareceu uma moça, uma vendedora cheia de sorrisos.
Clara foi direto ao vestido. Ela já sabia o preço, mas perguntou mesmo assim.
- Trezentos e cinqüenta reais – disse a vendedora, sem dar muito crédito à Clara, talvez por que Clara não estivesse bem vestida, ou por que Clara fosse negra ou simplesmente por que aquele vestido era o mais caro da loja.
- Qual é o desconto? – perguntou Clara, sabendo que não teria nenhum desconto.
- Esse é o preço para pagamento à vista ou no cartão – disse a vendedora, já olhando para a madame que chegava toda arrumadinha, olhando as primeiras peças da loja. – Enquanto você escolhe, vou atender aquela mulher – disse, demonstrando uma certa insatisfação por atender Clara, como se soubesse que Clara não poderia comprar nada.
- Espere. Eu já escolhi. Eu quero esse vestido. Onde posso experimentar?
A vendedora, meio surpresa, indicou o vestuário e saiu rapidamente para auxiliar a madame. A madame olhava de tudo e ia selecionando vários itens para experimentar. Experimentou vários e, adivinhe, não comprou nenhum.
Então, Clara, que demorou no vestuário porque estava visualizando o vestido em todas as posições possíveis, saiu do vestuário e disse para a vendedora que o vestido estava perfeito. Queria levá-lo. Ia pagar com o cartão de crédito.
A vendedora demorou para acreditar quando percebeu que o cartão tinha saldo suficiente. Olhou novamente para Clara, surpresa e desnorteada, e lhe entregou o vestido.
Clara saiu da loja quase chorando. Só não chorou por que já havia passado por situações piores.
A vendedora sentiu-se estranhamente vazia, cheia de preconceitos. Teve vontade de chorar.

"Tem gente que vive chorando de barriga cheia". Maneiras - O Rappa.

Obs: Repetição de uma postagem do dia 11/11/2009.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Pôr do sol

O dia estava lindo. Um sol magnífico brilhava no ar e o céu estava completamente azul, sem nenhuma nuvem.
Fabrício tinha combinado um encontro com a sua colega de faculdade. Mas não era um encontro romântico (bem que ele queria); era só um trabalho da faculdade.
Era só o primeiro período da faculdade e, por isso, Fabrício não a conhecia muito bem. Pra falar a verdade, ele nem se lembrava do nome dela.
Lá pelas três horas da tarde, ela chegou à casa dele e logo começaram a fazer o trabalho. Era algo sobre física nuclear e eles estavam meio perdidos, sem saber o que fazer exatamente. Mas, no final, conseguiram reunir o que tinham pesquisado e o trabalho não ficou muito a desejar.
Lá pelas cinco da tarde, quando terminaram o trabalho, Fabrício a convidou para lanchar perto da sua casa, na beira do lago que banhava a cidade. Lancharam e Fabrício logo perguntou o nome dela. Ela disse que se chamava Ana.
Fez-se um silêncio. Fabrício olhava o pôr do sol. Ele, que já estava acostumado a olhar o pôr do sol dali, encantou-se mais uma vez, pois a visão era linda. O sol se pondo entre nuvens que representavam desenhos coloridos entre laranja, roxo, vermelho e outras cores que nem tinham nomes.  
Ana disse que ainda não tinha visto nada igual. Fabrício também fez que sim e, chegando mais perto dela, perguntou o que realmente queria saber.
- Você tem namorado?
Ela disse que não, que há muito tempo não tinha. Ninguém queria nada sério.
Ele disse que queria algo mais do que sério e ela sorriu, duvidando.
- A sua fama na faculdade diz o contrário – ela respondeu.
- E você perguntou por mim na faculdade?
Ela fez que sim, meio sem graça.
- Essa fama ficou para trás – disse ele, pegando nas mãos dela. – Você deve ter perguntado pra pessoa errada, talvez uma mulher invejosa e ciumenta que insiste em me denegrir, só por que a deixei no ano passado. Por acaso, não foi com a Vera que você conversou?
Ela fez que sim novamente e mais sem graça ainda.
- Tá vendo. As aparências enganam.
Ela o beijou e eles ficaram ali, curtindo aquele lindo pôr do sol, abraçados.


Diego Morais Viana.

“Aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?”. Trecho da música “Vento no litoral” da Legião Urbana. 

terça-feira, 23 de março de 2010

Mais uma vez: Sorte


A sorte começava a mudar para Augusto. A sua vida de azar parecia ter ficado para trás quando conheceu Alícia.
Logo ele que havia desperdiçado várias oportunidades de mudar a sua vida para melhor.
Mas logo que a conheceu, sentiu algo extremamente especial em seu coração, como se soubesse que ela era a escolhida, a tão esperada mulher de sua vida. 
Conheceram-se meio que por acaso e seus caminhos quase sempre se cruzavam e tudo que ele falava era um “oi”, “bom dia”. Então, uma semana depois da primeira vez que a viu, teve coragem suficiente para falar com ela e a convidar para um jantar. Ela ficou surpresa e sorridente e aceitou o convite.
Naquela noite, começaram o relacionamento. Ele queria algo sério e ela também. Parecia que haviam sido feitos um para o outro. Almas gêmeas, como dizem. 
A sorte de Augusto mudou. Oportunidades apareceram e ele não as desperdiçou. Começou a trabalhar e a ganhar um bom dinheiro. Ganhou até na loteria (na quina) o valor correspondente a R$ 51.853,26. Comprou um belo carro, pois ele já tinha uma casa para morar.
No fim do ano, decidiram ir para Búzios e passaram o melhor réveillon de suas vidas. Tudo estava tão perfeito. Foi tudo perfeito.
Na volta para casa, Augusto estava tão feliz. Dirigiu devagar. Não tinha nenhuma pressa. Mas numa ladeira, outro carro fez uma ultrapassagem perigosa e veio direto na direção de seu carro. Não deu tempo nem de desviar.
Todo o mecanismo de segurança do carro não serviu para nada. Augusto e Alícia morreram na hora. Parece mesmo que tinham sido feitos um para o outro. 

"E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim" - Depois do começo - Legião Urbana.

Obs: Essa postagem é uma repetição da postagem do dia 28/11/2009.

sábado, 13 de março de 2010

Um conquistador

Durante toda a sua longa vida, Rogério já havia namorado muitas mulheres e ficado com outras tantas. Ele só tinha 25 anos, mas se gabava de já ter feito quase tudo nessa vida. E, quando o assunto era mulher, ele dizia que sabia tudo. E isso era mesmo uma meia verdade, se é que isso existe.
Brincava com os corações das mulheres, como se elas fossem bonecas sem sentimentos. Desfazia-se delas da mesma maneira que as conquistava: rapidamente e sem nenhuma emoção.
Era um típico conquistador, do tipo que não aceita não como resposta. E esse foi seu maior erro.
Quando encontrou uma mulher (o nome dela era Suzana) que não se deixou seduzir por seus truques baratos, ele se viu perdido, relembrando a mulher que o havia deixado. Foi esta mulher (a que o deixou) que fez com que ele se transformasse num homem vazio e sem sentimento.
Rogério, então, decidiu que não descansaria até ter Suzana ao seu lado. Talvez por que quisesse parar de ser um conquistador e quisesse realmente amar novamente. Ou talvez somente por que um conquistador sempre quer conquistar alguém que não cede tão fácil.
De qualquer forma, ele passou a ir aos mesmos lugares que ela ia e a fazer todo tipo de proposta (um almoço, um jantar, um lanchinho, um cafezinho, uma caminhada ou simplesmente uma conversa).
Ela não aceitava nenhuma proposta e se negava a lhe dar o número de seu telefone.
Até que, dias depois, ele descobriu onde ela morava e levou flores, chocolate e um bilhete. No mesmo dia, ela ligou (ele tinha deixado o seu número no bilhete). Disse que não queria ser só mais uma conquista. Ele disse que ela era muito mais, e que estava apaixonado. Ela então o chamou para jantar na casa dela e tudo saiu muito bem, mesmo depois de adormecerem juntos na mesma cama (ele nunca ficava até amanhecer).  
Nos outros dias, eles continuaram se encontrando e novamente o amor nasceu no coração de Rogério, que pediu Suzana em casamento depois de três meses e ela aceitou no mesmo instante.
Quem diria, o conquistador foi finalmente conquistado.

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração”. Eduardo e Mônica – Legião Urbana.

terça-feira, 2 de março de 2010

Medo

Era noite. Estava chovendo. Raios e trovões se perdiam pela noite escura.
De repente, faltou energia. Carlos estava só em casa. Seus pais estavam trabalhando. Eram professores.
Ele era um garoto de apenas 16 anos e começava a ficar com medo.
Nesse momento, tentou encontrar uma vela para acendê-la. Ligou seu celular para clarear um pouco em sua volta. Assim, conseguiu pegar uma vela e o isqueiro. Acendeu então a vela e ficou um pouco mais tranqüilo.
Foi aí que escutou alguns barulhos estranhos pela casa e se lembrou que se mudou há apenas um mês para aquela casa e que os vizinhos tinham falado que os antigos moradores eram estranhos e sempre ouviam barulhos e vozes.
Carlos estava inquieto, com muito medo. E então ouviu um barulho mais estranho ainda vindo da porta da frente. Era um ruído baixo, mas assustador.
Carlos sentiu seu coração bater acelerado. Nunca tinha sentido tanto medo. Começava a acreditar que a casa era mal assombrada.
Foi então que seus pais chegaram e, quando entraram, viram que Carlos estava muito assustado.
- O que foi filho? – perguntou sua mãe, apreensiva.
- Você não viu o que tinha lá fora? A casa estava fazendo barulhos estranhos.
- Filho, não havia nada lá fora, só o Tob, que estava lá fora querendo entrar – sua mãe o abraçou. – Não há motivo para pânico.
Tob, o cachorro da casa, estava lá fora, numa área protegida da chuva, passando a pata sobre a porta, querendo entrar na casa, pois estava com frio. 

"E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão". Daniel na cova dos leões - Legião Urbana.

Obs: Repetição de uma postagem do dia 13/11/09.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Esperar é mesmo preciso?

Só poderia mesmo ser uma ilusão. Fantasia, sonho. Nada mais. Os pensamentos mais loucos passavam pela cabeça de Jaílson. Nada mais fazia sentido desde que Priscila lhe contou algo. Não era possível, ele pensava.
Nos últimos dois anos, ele viveu pensando que não tinha a menor chance, apesar de ter uma esperança no seu peito. O que ele mais queria parece que se tornaria mais do que provável e possível. Tornar-se-ia real. Estranhamente real. Era tão surreal pra ele que era difícil de acreditar. Ele criou uma idéia tão improvável na sua mente, que ele não conseguia ver a verdade.
Priscila havia dito que Marcela queria se encontrar com ele. Ela já estava cansada de esperar pela iniciativa dele. Priscila disse que Marcela sabia do interesse dele e sabia também que ele nunca teria coragem de declarar-se.
No início, Jaílson pensou que se tratava apenas de mais uma brincadeira da Priscila. Afinal, ela gostava de fazer esse tipo de coisa. Mas ele começou a enxergar a possibilidade de sua esperança se concretizar e isso era ótimo.
Foi ao local marcado no horário estabelecido e lá encontrou Marcela aparentemente esperando por ele.
- Oi – disse ele, feliz e ansioso.
- Oi – disse ela, sorrindo. Ela também parecia feliz. – Que bom que você veio.
- Eu estava pensando que a Priscila tinha inventado isso, mas parece que é mesmo real.
- Muito real. Você demorou pra perceber e eu cansei de esperar a sua iniciativa.
Ela colocou as suas mãos nas mãos dele e disse:
- Não quero mais perder tempo e você?

"Cadê você?
Não me canso de esperar,
mas vê se não vai demorar". Cadê você - Sorriso Maroto.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Carnaval

É carnaval. Tempo de alegria e muita diversão. Tempo de extravasar e vestir o que der vontade. Parece que vale tudo mesmo nessa época.
Carla estava em sua cidade, no sábado de carnaval, esperando o outro dia para viajar para um local mais tranqüilo. Ela só não esperava que a sua casa fosse ficar tão cheia. Pensou que nesse ano de crise o movimento na cidade seria menor.
Carla mal esperava o dia passar para poder viajar para um interior ali perto, um local bem mais tranqüilo, cheio de cachoeiras e lugares exóticos.
Paulo, uma das muitas pessoas que estavam na sua casa nesses dias, ouviu Carla falando que iria viajar para um lugar mais tranqüilo e ficou pensando se deveria perguntar se poderia ir junto, afinal ele gostava de folia no carnaval, mas também gostava de descanso. Além disso, percebeu que seria uma ótima oportunidade de conseguir enfim ter coragem de falar com Carla. No ano passado, ele até tentou, mas ela viajou tão rápido que ele não teve tempo.
Nesse ano, ele não queria perder tempo.
Falou com uma amiga de Carla que também ia viajar e perguntou se poderia ir junto e ela disse que sim. Ele perguntou se Carla tinha namorado e ela disse que não. Ele disse que pensava nela desde o ano passado e a amiga de Carla riu. Disse que falaria com ela, mas disse que seria difícil, pois ela estava triste, tinha terminado seu namoro há pouco tempo.
Essa é a minha oportunidade, pensou Paulo.
Chegando ao local, toda aquela beleza natural ajudou Paulo a conseguir o seu intento. Paulo foi direto. Disse que desde o ano passado não parava de pensar em Carla. Ela duvidou um pouco disso, mas se rendeu, afinal ela tinha que se alegrar. Era carnaval. 

domingo, 31 de janeiro de 2010

Você já me conhecia

Você já sabia o que fazer.
Foi tão impressionante.
Sabia como me convencer.
Conquistou-me num instante.

Parece que já me conhecia.
Fiquei até desconfiado,
atento ao que me dizia.
No fim fiquei emocionado.

Era como uma fantasia,
um sonho não acabado.
O meu coração te queria
sempre ao meu lado.

"Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar.
(...)
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é
Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim". - Equalize - Pitty.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tudo é sempre a mesma coisa

Tudo é sempre a mesma coisa. Tudo acontece tão de repente. Mas pensamos que nada de mal vai nos acontecer. "As coisas ruins só acontecem com os outros", pensamos. Parece que somos imunes ao mal e às tragédias que acontecem todos os dias.
Outro dia vi na televisão um garoto pulando da ponte sobre o rio Tocantins, recém inaugurada. Lembro que, antes de pular, ele disse que ia morrer. E ele pulou e acabou caindo de mal jeito. Não foi mais visto e o seu corpo, até onde sei, ainda não foi encontrado.
Isso me fez lembrar o caso dos mamonas assassinas. O tecladista do Mamonas assassinas, antes do acidente fatal, disse que teve um pesadelo com a própria morte; tinha visto um avião cair.
Lembrei também da morte do Ayrton Senna. Não sei se é verdade mesmo, mas eu soube que ele não queria correr naquele dia. Estava inseguro ou esperava que algoi ruim acontecesse. Não sei bem, mas o fato é que outro piloto havia morrido um dia antes, no treino de classificação.
Não sei bem se acredito se uma pessoa sente o momento da sua morte, mas há casos que evidenciam algum tipo de sensibilidade. É estranho. Difícil de acreditar, mas sei lá.
Alguns sonhos, às vezes, realizam-se. Os sonhos nos dizem muita coisa.
Mas, de qualquer forma, não acho que seja um poder de ver a própria morte. Até por que se fosse assim, não morreriam, pois não fariam o que viram.


"Tudo é sempre a mesma coisa, o mesmo jeito toda vez. Tudo é muito relativo a a distância já nos fez. Somos céu e litoral. Nosso final é simples tchau." Tchau - Catedral.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quando nada mais importa

Quando nada mais importa, as coisas parecem tão mais fáceis. Afinal, não há nada a perder. Não há por que fingir. Também não se pensa nas conseqüências. Estará tudo “bem” de qualquer forma. Mas as coisas não são bem assim. Ninguém quer viver esses momentos em que nada importa, justamente por que não deve ser muito bom. Aliás, parece bem triste.
Mas as pessoas sempre têm algo a perder ou pelo menos querem ter. E sempre há algo que pode nos ser tirado. A maioria dessas coisas não tem preço. São coisas inestimáveis e que muitas vezes não damos o devido valor.
São pequenas coisas que só sabemos que existem quando as perdemos. Por mais que pensemos que somos infinitamente pequenos diante de muitas coisas, a verdade é que somos grandes, somos importantes e precisamos saber de nossa importância.
Às vezes, perdemos quase tudo e pensamos que nada mais importa. Mas, nesses momentos, devemos pensar que a vida é muito mais do que momentos ruins. Eles sempre existirão por mais que tentemos nos livrar deles. O segredo é não se deixar se abater MUITO por eles. Todos se abatem. Não podemos é nos deprimir. Afinal, a vida continua e temos que seguir em frente.

"Quando tá escuro e ninguém te ouve,
quando chega a noite e você pode chorar,
há uma luz no túnel dos desesperados,
há um cais do porto pra quem precisa chegar".
Lanterna dos afogados - Paralamas do Sucesso.