quarta-feira, 19 de abril de 2017

Uma noite de medo

Era uma noite chuvosa. Mônica estava sozinha em casa e tinha uma mente muito criativa. Raios e fortes trovoadas irrompiam pela noite escura. De repente, faltou energia e ela, que tinha apenas 16 anos, começou a ficar com medo, imaginando que logo apareceria um fantasma ou algum desses monstros dos filmes, que ela adorava assistir.
Ela, então, tentou encontrar uma vela para clarear o ambiente, esquecendo que seu celular tinha a função lanterna. Com muita dificuldade e ansiedade, conseguiu pegar uma vela e a acendeu com um isqueiro, ficando um pouco mais tranquila.
Foi aí que escutou um barulho estranho vindo da parte lateral da casa e, em seguida, ouviu um som ainda mais estranho vindo da porta da frente. Era um ruído suave, mas assustador, como o som de um giz sobre o quadro.
Ela se lembrou que tinha se mudado há apenas um mês para aquela casa e que os vizinhos tinham falado que os antigos moradores eram estranhos e sempre ouviam barulhos e vozes. Começou a acreditar que a casa era mal assombrada, como nos filmes de terror.
Mônica ficou com mais medo, seu coração acelerou os batimentos e sentiu um tremor nas pernas ao escutar a maçaneta da porta se movimentar.
Nesse momento, ouviu alguém falando baixinho e percebeu que ladrões queriam entrar na casa. Ela, instantaneamente, lembrou-se do seu celular, chegou perto da porta e colocou um áudio para tocar no seu celular.
É melhor você ir embora logo… antes que eu pegue minha arma e estoure seus miolos – dizia o homem de forma agitada no áudio que Mônica gostava de mandar pros seus amigos por meio de aplicativos de celular, quando eles mandavam algo que ela não gostava.
O bandido do outro lado da porta ouviu aquela advertência e não pensou duas vezes antes de sair correndo, fugindo do local junto com seu comparsa.
Mônica caiu na gargalhada ao perceber que eles tinham fugido com medo, mas logo em seguida ela voltou a ficar assustada com os barulhos que continuou a ouvir. Só dez minutos depois, quando a energia voltou, ela se sentiu mais tranquila e sorriu de tudo que passou naquela noite chuvosa.


E o teu medo de ter medo de ter medo não faz da minha força confusão”. Trecho da música Daniel na cova dos leões, da banda Legião Urbana.


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Era pra ser apenas um jogo de futebol

 Roger tinha um filho de apenas seis anos que gostava muito de futebol. Seu nome era Pedro e ele nunca tinha ido num estádio de futebol para ver uma partida ao vivo, e Roger queria levá-lo, afinal Pedro vinha insistindo nisso há algum tempo.
Num domingo de clássico, eles foram ao estádio ver a partida do time para o qual torciam. Roger tinha ido poucas vezes, pois achava melhor assistir em casa, e por isso achava que seria bem tranquilo.
Durante o jogo tudo tinha transcorrido normalmente com a vitória do time deles. Mas, logo na saída da arena, eles presenciaram brigas entre as torcidas rivais e conseguiram escapar correndo junto com outras pessoas.
Pedro ficou visivelmente assustado com tanta violência, ao mesmo tempo sem entender o motivo da briga.
Eles foram caminhando para pegar o metrô acompanhados de muitos torcedores do mesmo time. Ao chegarem na estação, “torcedores” do time adversário estavam espancando quem entrava e a correria e o empurra-empurra fizeram com que Pedro se afastasse de seu pai e se perdesse.
Depois de toda a confusão, Roger conseguiu sair ileso, mas estava profundamente preocupado com seu filho, que continuava sumido, por mais que ele o procurasse. Caminhou até os policiais que estavam de serviço e foi informado que uma idosa e uma criança tinham morrido com pauladas na cabeça.
Ele, então, ficou desesperado e quase desmaiou. Depois de quase um minuto sendo acalmado pelos policiais, Roger voltou a si e ouviu que feridos estavam sendo levados de ambulância para os hospitais mais próximos dali. Correndo, ele foi até a ambulância mais próxima, mas não achou seu filho. Foi até a próxima e nada. Haviam seis ambulâncias socorrendo os feridos e alguns deles já tinham sido levados para atendimento médico.
Ele já estava perdendo a esperança, quando viu Pedro na sexta ambulância, cheio de hematomas, desacordado. Sua primeira sensação foi de derrota, pois seu filho parecia morto, mas o socorrista lhe informou que Pedro não corria risco de morte. Aliviado, Roger caiu de joelhos diante de seu filho e agradeceu aos céus.


A violência está em todo lugar. Não é por causa do álcool, nem é por causa das drogas. A violência é nossa vizinha, não é só por culpa sua, nem é só por culpa minha. Violência gera violência. Violência doméstica, violência cotidiana.” Trechos da música Violência, da banda Titãs.