quarta-feira, 6 de maio de 2015

Cara de pau

 Johnny era chamado de cara de pau, mas ele não concordava com essa expressão. Preferia que fosse conhecido como sincero, afinal ele achava que falava a verdade, apesar de não ser politicamente correto.
Como ele mesmo definia, certas verdades doíam e por isso muitas pessoas tinham a impressão de que ele era um bad boy.
Johnny tinha uma ex-namorada que era muito bonita e simpática, mas que ele não amava. Mas eles se encontravam de tempos em tempos e ela não resistia à tentação de poder estar com ele e ela mesmo marcava alguma coisa, sempre esperando que ele voltasse a sentir algo por ela.
E nos momentos de intimidade ela pedia: diz que me ama. Mas ele não dizia, apenas fazia alguns carinhos de forma delicada para compensar.
Depois de ele ir embora, ela se sentia triste, depressiva, sozinha, nervosa e angustiada. Certa vez, ela disse como se sentia e que ele era o culpado.
- As emoções que você sente ou quer sentir só podem ser atribuídas a você mesma – ele disse calmamente. – Te dou carinho, atenção e prazer. Sempre te trato bem e te escuto. Nunca te prometi nada. Então, não me culpe.
Mas ela não entendia que podia controlar as próprias emoções. Queria que alguém a fizesse feliz. Colocava a sua própria felicidade nas mãos de outra pessoa. Johnny era culpado? Era cara de pau? Tinha prometido algo e não cumpriu? Certamente, a resposta só pode ser negativa.
Se ela não queria se sentir assim, deveria saber que ele não mudaria seus sentimentos por ela e partir pra outra, seguir outro caminho.
E isso se repetia com outras mulheres, que também não entendiam que os seus sentimentos não deviam depender daquele bad boy ou de qualquer outra pessoa.
E Johnny era assim. Não enganava ninguém, não prometia nada e não se culpava. Ele não escondia que era um garanhão, mas era um garanhão sincero.


“Nunca permita que a sua felicidade dependa de algo que possa perder.” Trecho da música Casino Boulevard, da banda Rosa de Saron.