Johnny era chamado de cara de pau, mas ele não concordava com essa expressão. Preferia que fosse conhecido como sincero, afinal ele achava que falava a verdade, apesar de não ser politicamente correto.
Como ele mesmo definia, certas verdades doíam e por isso muitas pessoas tinham a impressão de que ele era um bad boy.
Johnny tinha uma ex-namorada que era muito bonita e simpática, mas ele não a amava. Eles se encontravam de tempos em tempos e Mariane não resistia à tentação de poder estar com ele e ela mesmo marcava alguma coisa, sempre esperando que ele voltasse a sentir algo por ela.
E nos momentos de intimidade ela pedia: diz que me ama. Mas ele não dizia, apenas fazia alguns carinhos de forma delicada para compensar.
Depois de ele ir embora, ela se sentia triste, depressiva, sozinha, nervosa e angustiada. Certa vez, ela disse como se sentia e que ele era o culpado.
– As emoções que você sente ou quer sentir só podem ser atribuídas a você mesma – ele disse calmamente. – É você que me procura, você sabe como eu sou e como é o nosso envolvimento. Eu te dou carinho, atenção e prazer. Sempre te trato bem e te escuto. Nunca te prometi nada. Ao contrário, sempre deixei claro que seria assim. Então, não me culpe. Mas, se você está se sentindo assim, então é melhor a gente não se encontrar mais porque não quero que você fique sofrendo por minha causa.
– Talvez seja melhor, mas eu não consigo – Mariane disse.
Ela não entendia que podia controlar as próprias emoções. Queria que alguém a fizesse feliz. Colocava a sua própria felicidade nas mãos de outra pessoa. Johnny era culpado? Era cara de pau? Tinha prometido algo e não cumpriu? Certamente, a resposta só pode ser negativa.
Se ela não queria se sentir assim, deveria saber que ele não mudaria seus sentimentos por ela e partir pra outra, seguir outro caminho. Mas ela não conseguia.
– Então eu vou dar um basta nisso pra você poder se livrar de mim – encerrou ele.
E isso se repetia com outras mulheres, que também não entendiam que os seus sentimentos não deviam depender daquele bad boy ou de qualquer outra pessoa.
E Johnny era assim. Não enganava ninguém, não prometia nada e não se culpava. Ele não escondia que era um garanhão, mas era um garanhão sincero.
“Nunca permita que a sua felicidade dependa de algo que possa perder.” Trecho da música Casino Boulevard, da banda Rosa de Saron.