quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Cara de pau (garanhão sincero)

 

Johnny era chamado de cara de pau, mas ele não concordava com essa expressão. Preferia que fosse conhecido como sincero, afinal ele achava que falava a verdade, apesar de não ser politicamente correto.

Como ele mesmo definia, certas verdades doíam e por isso muitas pessoas tinham a impressão de que ele era um bad boy.

Johnny tinha uma ex-namorada que era muito bonita e simpática, mas ele não a amava. Eles se encontravam de tempos em tempos e Mariane não resistia à tentação de poder estar com ele e ela mesmo marcava alguma coisa, sempre esperando que ele voltasse a sentir algo por ela.

E nos momentos de intimidade ela pedia: diz que me ama. Mas ele não dizia, apenas fazia alguns carinhos de forma delicada para compensar.

Depois de ele ir embora, ela se sentia triste, depressiva, sozinha, nervosa e angustiada. Certa vez, ela disse como se sentia e que ele era o culpado.

As emoções que você sente ou quer sentir só podem ser atribuídas a você mesma – ele disse calmamente. – É você que me procura, você sabe como eu sou e como é o nosso envolvimento. Eu te dou carinho, atenção e prazer. Sempre te trato bem e te escuto. Nunca te prometi nada. Ao contrário, sempre deixei claro que seria assim. Então, não me culpe. Mas, se você está se sentindo assim, então é melhor a gente não se encontrar mais porque não quero que você fique sofrendo por minha causa.

Talvez seja melhor, mas eu não consigo – Mariane disse.

Ela não entendia que podia controlar as próprias emoções. Queria que alguém a fizesse feliz. Colocava a sua própria felicidade nas mãos de outra pessoa. Johnny era culpado? Era cara de pau? Tinha prometido algo e não cumpriu? Certamente, a resposta só pode ser negativa.

Se ela não queria se sentir assim, deveria saber que ele não mudaria seus sentimentos por ela e partir pra outra, seguir outro caminho. Mas ela não conseguia.

Então eu vou dar um basta nisso pra você poder se livrar de mim – encerrou ele.

E isso se repetia com outras mulheres, que também não entendiam que os seus sentimentos não deviam depender daquele bad boy ou de qualquer outra pessoa.

E Johnny era assim. Não enganava ninguém, não prometia nada e não se culpava. Ele não escondia que era um garanhão, mas era um garanhão sincero.


Nunca permita que a sua felicidade dependa de algo que possa perder.” Trecho da música Casino Boulevard, da banda Rosa de Saron.