A
sorte começava a mudar para Augusto. A sua vida de azar parecia ter
ficado para trás quando conheceu Alícia. Logo ele que havia
desperdiçado várias oportunidades de mudar a sua vida para melhor.
Quando
a conheceu, sentiu algo extremamente especial em seu coração, como
se soubesse que ela era a escolhida, a tão esperada mulher de sua
vida.
Eles
trabalhavam no mesmo prédio e ele a viu quando seus caminhos se
cruzaram. Quase todos os dias eles se cruzavam e tudo que ele falava
era um “oi”, “bom dia”.
Então,
duas semanas depois da primeira vez que a viu, ele teve coragem
suficiente para falar com ela e a convidar para um jantar. Ela ficou
surpresa, sorridente, mas negou o convite, alegando que estava muito
atarefada de trabalho.
Ele
não se abateu e, sempre que se cruzavam pelo caminho, ele a
convidava para um simples bate bapo depois do expediente, mas ela se
negava educadamente, fazendo jogo duro.
Até
que um belo dia ele a convidou novamente.
-
Puxa, você deve ser a pessoa mais atarefada da face da terra! - ele
disse de um jeito engraçado e ela sorriu. - Eu só quero te conhecer
e eu não mordo, viu? - ele fez uma pausa, olhando nos olhos dela,
mas ela não disse nada. - Dez minutinhos e você se livra de mim pra
sempre. É a sua grande chance.
Ela
aceitou o convite e, depois do trabalho, eles foram numa cafeteria
ali perto e o que deveria ser apenas dez minutos acabou durando um
pouco mais de duas horas de conversa divertida.
Nos
outros dias, eles continuaram conversando e, depois de duas semanas,
começaram o relacionamento. Ele queria algo sério e ela também.
Parecia que haviam sido feitos um para o outro. Almas gêmeas, como
dizem.
A
sorte de Augusto mudou. Oportunidades apareceram e ele não as
desperdiçou. Começou a se dar bem nos negócios e a ganhar um bom
dinheiro. Ganhou até na loteria o valor de R$ 101.823,26 e comprou
um belo carro.
No
fim do ano, decidiram ir para Búzios e passaram o melhor réveillon
de suas vidas. Tudo estava tão perfeito.
Na
volta para casa, Augusto estava tão feliz. Dirigiu devagar. Não
tinha nenhuma pressa. Mas numa ladeira, outro carro fez uma
ultrapassagem perigosa e veio direto na direção de seu carro. Não
deu tempo nem de desviar.
Todo
o mecanismo de segurança do carro não serviu para nada. Augusto e
Alícia morreram na hora. Parece mesmo que tinham sido feitos um para
o outro.
“E
depois do começo o que vier vai começar a ser o fim”. Trecho
da música Depois do começo, da banda Legião Urbana.