Rita era universitária,
fazia o curso de Direito, tinha casado há poucos meses e tinha uma vida que aparentava
ser feliz, especialmente nas redes sociais. Lá sua vida era uma maravilha,
cheia de viagens para lugares magníficos e saídas noturnas para restaurantes e
boates chiques.
Entretanto, por mais que
sua vida estivesse aparentemente muito bem resolvida, ela vivia resmungando de
coisas banais, estava quase sempre mal-humorada.
Na sala de aula, ela não
cumprimentava a maioria das pessoas e algumas vezes até virava a cara.
Reclamava das aulas e dos professores, alegando que estes não sabiam passar o
conteúdo. Devia ser esse o motivo de suas notas baixas.
Recentemente, ela começou
a realizar uma obra na fachada da casa, mas depois de uma semana decidiu
refazer tudo novamente porque não tinha gostado do visual que ela mesma tinha
pretendido com a mudança.
O responsável pela obra
já conhecia a fama de Rita, pois seus colegas já o tinham avisado que ela
gostava de desfazer projetos. Na construção da casa, três mestres de obras
pediram para abandonar o projeto porque não suportaram as exigências dela. Como
era uma obra pequena, ele tinha aceitado, mas estava querendo desistir da
empreitada.
- Ninguém aguenta essa
mulher – ele chegou a dizer ao seu ajudante.
Dias atrás, ela estava
assistindo uma reportagem sobre pessoas que passaram por situações dramáticas,
mas que preferiam ver o lado bom das coisas, como um homem que perdeu uma perna
e, depois de meses de depressão, viu sua vida se transformar completamente e se
sentia muito mais feliz do que antes do acidente.
Havia também um pequeno
agricultor que tinha perdido uma plantação inteira por causa das condições
climáticas adversas. Ele sabia do prejuízo financeiro, da crise que estava
passando, mas preferia sorrir e agradecer porque tinha uma terra para plantar e
uma família linda para cuidar, afinal seu neto tinha acabado de nascer.
Essas histórias eram
emocionantes para a maioria das pessoas, mas Rita não conseguia ver motivos
para sorrir ou agradecer e a sua mente só via as perdas da perna e da
plantação.
Algumas pessoas diziam
que ela era assim porque era mal-amada e que seu esposo não a satisfazia, mas
não era esse o caso. Eles se davam bem, tinham um relacionamento dentro da
normalidade.
E ele era um sujeito
alegre, divertido, simpático, educado e conhecido por seus amigos como gente
boa. Ele parecia não ver os defeitos da mulher. Mas ultimamente ele tinha
começado a notar algumas indelicadezas da parte dela e uma dúvida começou a
surgir em sua mente.
Seu marido tentou salvar
seu casamento durante alguns meses, mesmo não vendo melhoria no humor dela. Mas
ela não queria mudar, talvez pensasse que não tinha motivos para isso e que era
assim mesmo e continuaria assim e ele teria que aceitá-la do jeito que ela é.
Ele tentou utilizar
argumentos lógicos e exemplos de pessoas que mudaram de atitude e tiveram
grandes resultados, mas ela parecia nem ouvir. Seu mau-humor tinha interferido
na sua maneira de enxergar o mundo e de ouvir opiniões divergentes. Ela estava
fechada para novas formas de ver a vida e por isso o seu casamento acabou e
suas amizades desapareceram.
E, de repente, ela se viu
sozinha. Quem sabe uma hora dessas ela consiga ver o lado positivo das coisas e
sua vida mude para melhor.
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“Muda,
que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na
mudança da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente.”
Trecho da música Até quando, de Gabriel, o Pensador.