As
coisas não estavam indo bem na vida de Plínio. Ele estava com
dificuldades na faculdade e no seu trabalho, sem falar na sua vida
amorosa, que praticamente deixou de existir há algum tempo.
Ele
estava dando um tempo; não queria mais se envolver com ninguém
desde que foi rejeitado um ano atrás pela mulher que ele considerava
o amor de sua vida.
E,
num desses dias comuns, que nada tem de especial, Plínio foi pra
praça perto de sua casa, refletir e pegar um ar fresco. Ele só não
sabia que mais uma pessoa tinha ido lá pelo mesmo motivo.
Ela
estava sentada no banco ao lado, tão pensativa, que o fez imaginar o
que a afligia tanto. Mas ele não queria conversar; já tinha até
perdido a prática. Mas não esperava que ela fosse se sentar ao lado
dele e começar a falar.
– Acho
que você não se lembra de mim, mas nós somos quase vizinhos. Já
te vi algumas vezes na rua e tinha vontade de falar com você, mas
nunca dava certo – disse ela, sem rodeios.
Ele,
então, disse como se chamava e perguntou o nome dela. Ela disse que
se chamava Laura, tinha 19 anos e estava muito triste, apesar de ele
não ter perguntado. Ela falou que se sentia perdida, teria que fazer
o curso que seus pais escolheram para ela, mesmo sem gostar do ramo.
E não era só isso: seu ex-namorado, paranoico, não a deixava em
paz, vivia sendo perseguida por ele, que já havia até ameaçado
alguns amigos dela.
Ele
ouviu tudo paciente e atenciosamente. Foi aí que ela perguntou por
que ele estava tão preocupado e ele inicialmente não quis se abrir,
mas aos poucos foi ficando aliviado depois de contar todos os seus
problemas e eram muitos.
Já
no final da tarde, ela disse que tinha que ir embora, mas antes, meio
sem jeito, falou que desejava saber se ele queria sair com ela.
– Apesar
de você ter um namorado paranoico, eu gostaria muito de sair com
você – disse ele, sem pestanejar.
Ela
sorriu e o abraçou. Ele aproveitou o momento e a beijou, sentindo
que ainda se beijariam muitas outras vezes. Ficaram ali mais uma
pouco, namorando.
Dois
dias depois saíram e eles sentiam que estavam na mesma situação,
que estavam cada vez mais conectados. Saíram mais algumas vezes
naquele mês e ele, que no começo ficou um pouco desconfiado,
finalmente a pediu em namoro e ela aceitou prontamente, pois gostou
dele desde o começo.
“Tudo
pode mudar, tudo pode estar onde menos se espera”. Trecho da música
Onde
Menos Se Espera,
da banda Engenheiros do Hawaii.