quinta-feira, 25 de maio de 2017

O que houve com o nosso olhar?

Quando Saulo chegou em casa, depois de mais um dia exaustivo de trabalho, viu sua namorada sentada no sofá e havia duas malas ao redor. Ele ficou assustado e perguntou:
O que é isso?
Ela se levantou, pegou as malas, começou a andar em direção à porta e disse apenas:
Há muito tempo tenho adiado isso. Não dá mais. Acabou. Simples assim.
Saulo não tentou correr atrás dela depois que ela saiu, afinal de contas ele sabia que realmente tinha acabado. Ele sentia que eles estavam prolongando algo que tinha acabado há muito tempo. O que aconteceu com a gente? Ele se perguntou e não sabia a resposta.
Era mesmo difícil de explicar ou de entender, pois no começo eles formavam um belo casal. Tudo estava indo muito bem, eles se divertiam bastante e tinham muitos pontos em comum. Era como se estivessem numa constante lua de mel.
Mas, depois de um ano morando juntos, os pequenos defeitos um do outro começaram a aparecer e mudaram a forma como cada um via o outro. Marina já não achava Saulo tão especial assim. Na verdade, muitas vezes ele era comum até demais. Saulo já não achava Marina tão interessante assim. De fato, ela tinha algumas atitudes infantis e seu interesse foi diminuindo com o tempo.
Foi a rotina? O tempo? Incompatibilidade? Falta de química? Falta de vontade de fazer dar certo? Falta de diálogo? Saulo tinha muitas perguntas e poucas respostas, mas lá no fundo ele sabia o motivo.
Ele já tinha percebido que ela o olhava de forma diferente, seu sorriso não era o mesmo, suas atitudes também tinham mudado. Há algum tempo eles fingiam que estava tudo bem, mas o que antes era amor se transformou num simples companheirismo, numa convivência “forçada”, numa simples amizade com benefícios.
Marina também se perguntava o que tinha acontecido e ela também não sabia ao certo, mas imaginava que simplesmente não era ele “o escolhido”, o grande amor da sua vida. Não era pra ser, não era seu destino. Ou talvez ela não tenha se esforçado o bastante e ele também não demonstrou vontade de ir além, pois o olhar dele também tinha mudado.
O fato é que depois de algum tempo ela percebeu que tinha chegado o fim. Ele também sentia isso, e agora cada um vai seguir o seu caminho, levando consigo essa experiência para a vida toda, especialmente o que aconteceu de melhor, e esperando que o futuro traga a felicidade tão almejada.


Quando tudo virou lembrança, então eu sei que acabou. Quem dera eu saber: o que houve com nosso olhar?”. Trecho da música Seis Nações, da banda Rosa de Saron.


segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sonhando com você

Eu não queria acordar.
Estava sonhando com você.
Estávamos à beira do mar,
apreciando o entardecer.

Você me dizia coisas lindas
que eu nem consigo descrever.
Eu não queria acordar ainda.
Queria conversar com você.

A lua começava a aparecer
e o meu coração batia acelerado,
só de ouvir você dizer
que queria estar ao meu lado.

Você então sussurrou ao meu ouvido
algo que eu queria muito ouvir.
Eu estava decidido
a nunca mais te deixar partir.

Nesse momento te beijei
e logo depois acordei.



Sabe o que eu gosto em sonhos? É que podemos ser o que quiser. Não tem ninguém aqui, além de nós... Estamos sós, estamos sós...”. Trecho da música Sonho, da dupla Cleber e Cauan.


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Um garanhão sincero

 Noah só tinha 25 anos, mas achava que sabia tudo sobre as mulheres. Algumas pessoas o chamavam de cara de pau, mas ele não concordava com essa expressão. Preferia que fosse conhecido como sincero, afinal ele procurava falar a verdade da maneira mais honesta possível.
Suas atitudes não eram politicamente corretas, mas ele não brincava com os corações das mulheres, pois nunca gostou de ser enganado. Era sincero ao dizer que não queria nada sério, nada de compromisso, namoro nem nada parecido. O máximo que poderiam ter era uma espécie de amizade-colorida. Essas eram as suas regras.
Algumas mulheres aceitavam isso numa boa e até gostavam desse tipo de envolvimento. Entretanto, algumas delas se apegavam já no segundo encontro, planejando o futuro, falando em relacionamento, e ele tinha que relembrar as regras de convivência. E aqui surgia o problema: algumas garotas queriam conquistá-lo de qualquer maneira, pois achavam que era um desafio. E, no meio dessas, existiam algumas extremistas.
Noah sabia lidar com a maioria das mulheres que ele ficava. Geralmente, ele conseguia administrar bem quando existia um conflito de interesses, pois a maioria delas (e eram muitas) eram pessoas legais, divertidas e simpáticas. Por mais que não concordassem com as regras dele, elas aceitavam o fim sem maiores complicações.
Entretanto, três garotas infernizaram a vida de Noah. Perseguição, armação, chantagem, insistência desmedida, difamação, coisas que ele pensou que só aconteciam em novelas mexicanas. Ele não entendia por que elas agiam assim, afinal de contas eram bonitas e poderiam encontrar facilmente outra pessoa, mas quem entende o fanatismo?
Por sorte, com o tempo e vendo que nada daquilo estava funcionando, elas perceberam que não se pode obrigar ninguém a amá-las e que deviam seguir em frente.

Após dois ou três encontros com Noah, geralmente a garota perguntava por que ele não queria namorar e ele sempre respondia que era uma questão de escolha, que tinha decidido que não se relacionaria com ninguém por enquanto e estava achando muito bom assim.
– Eu acredito que, mais pra frente, vou encontrar uma mulher especial e vamos passar a vida toda juntos – ele dizia e até parecia romântico nesse momento. Inevitavelmente, a garota não gostava da resposta porque queria ser essa mulher especial.
– Talvez essa sua fama de pegador afaste essa mulher… – disse ela.
– Pela minha experiência, as mulheres têm uma tendência a gostar de homens com muita experiência com outras mulheres. Mas ninguém consegue agradar todo mundo e por isso sempre vai ter alguma garota que não vai gostar de mim e isso é natural. Pra você ter uma ideia, já fiquei com vários tipos de garotas, das mais certinhas às mais atiradas. Então, acho que minha fama na verdade até me ajuda… De qualquer forma, tenho que conviver com isso e, se essa mulher aparecer, minha vida de pegador vai acabar – ele falava sorrindo.
– Você se acha demais – ela reclamou.
– Sou apenas um homem confiante e sincero, que sabe o que quer. Às vezes, isso é confundido com arrogância. Você mesma falou dessa minha fama e me fez uma pergunta, que eu respondi da forma mais honesta possível. É até engraçado você pensar assim, pois você vê que sou um cara simples, sem frescuras, e te trato bem, de maneira educada...
– Mas você é muito frio – ela disse.
– Pelo contrário, eu sou muito quente! Vem cá pra você ver.
E Noah era assim. Não enganava ninguém, não prometia nada e não se culpava. Algum dia a mulher especial apareceria, ele acreditava nisso e esperava que não fosse tão rápido. Por enquanto, continuava com as suas regras de convivência. Chamavam-no de cara de pau, galinha e mulherengo, e ele não escondia que era um garanhão, mas era um garanhão sincero.


Você não pode me estranhar só porque eu falei a verdade. Pior seria te iludir o tempo todo. Não vejo vantagem. Você precisa entender meu jeito de te querer. Pode até não ser como você imaginou, mas eu te quero, eu te venero, eu te adoro, eu só não vou te enganar porque eu sou sincero, sou sincero. Baby, eu sou sincero, sou sincero”. Trecho da música Sincero, do cantor Lulu Santos.