Quando
Saulo chegou em casa, depois de mais um dia exaustivo de trabalho,
viu sua namorada sentada no sofá e havia duas malas ao redor. Ele
ficou assustado e perguntou:
– O
que é isso?
Ela
se levantou, pegou as malas, começou a andar em direção à porta e
disse apenas:
– Há
muito tempo tenho adiado isso.
Não dá mais. Acabou. Simples assim.
Saulo
não tentou correr atrás dela depois que ela saiu, afinal de contas
ele sabia que realmente tinha acabado. Ele sentia que eles estavam
prolongando algo que tinha acabado há muito tempo. O
que aconteceu com a gente?
Ele se perguntou e não sabia a resposta.
Era
mesmo difícil de explicar ou de entender, pois no começo eles
formavam um belo casal. Tudo estava indo muito bem, eles se divertiam
bastante e tinham muitos pontos em comum. Era como se estivessem numa
constante lua de mel.
Mas,
depois de um ano morando juntos, os pequenos defeitos um do outro
começaram a aparecer e mudaram a forma como cada um via o outro.
Marina já não achava Saulo tão especial assim. Na verdade, muitas
vezes ele era comum até demais. Saulo já não achava Marina tão
interessante assim. De fato, ela tinha algumas atitudes infantis e
seu interesse foi diminuindo com o tempo.
Foi
a rotina? O tempo? Incompatibilidade? Falta de química? Falta de
vontade de fazer dar certo? Falta de diálogo? Saulo
tinha muitas perguntas e poucas respostas, mas lá no fundo ele sabia
o motivo.
Ele
já tinha percebido que ela o olhava de forma diferente, seu sorriso
não era o mesmo, suas atitudes também tinham mudado. Há algum
tempo eles fingiam que estava tudo bem, mas o que antes era amor se
transformou num simples companheirismo, numa convivência “forçada”,
numa simples amizade com benefícios.
Marina
também se perguntava o que tinha acontecido e ela também não sabia
ao certo, mas imaginava que simplesmente não era ele “o
escolhido”, o grande amor da sua vida. Não era pra ser, não era
seu destino. Ou talvez ela não tenha se esforçado o bastante e ele
também não demonstrou vontade de ir além, pois o olhar dele também
tinha mudado.
O
fato é que depois de algum tempo ela percebeu que tinha chegado o
fim. Ele também sentia isso, e agora cada um vai seguir o seu
caminho, levando consigo essa experiência para a vida toda,
especialmente o que aconteceu de melhor, e esperando que o futuro
traga a felicidade tão almejada.
“Quando
tudo virou lembrança, então eu sei que acabou. Quem dera eu saber:
o que houve com nosso olhar?”.
Trecho da música Seis
Nações,
da banda Rosa de Saron.