terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Se envolvendo com as pessoas erradas (dedo podre)

 

Olívia foi traída novamente e estava muito triste com mais uma decepção amorosa. Então, procurou sua amiga Andreia para desabafar.

Por que só me envolvo com as pessoas erradas?

Você quer mesmo a verdade? Andreia deu uma chance para que Olívia recuasse.

Diz aí.

Então tá… Você tem uma fantasia por embustes, acha que vai “domesticar” o cara, que ele vai mudar por você, vai deixar de ser galinha, mas a chance de isso acontecer é quase zero.

No fundo, Olívia já sabia o motivo, mas precisava que alguém que lhe dissesse a verdade. Ela sabia que gostava de se envolver com as pessoas erradas e estava começando a achar que era um defeito de fábrica, que tinha o dedo pobre.

Seus ex eram todos do tipo “safado, cachorro, sem vergonha”, canalhas, cafajestes, embustes e por aí vai. Até seus ficantes e contatinhos não eram do tipo que ela teria orgulho de apresentar para a família porque não queriam nada da vida.

Olívia tinha essa fantasia de querer controlar um homem mulherengo, colocar uma coleira nele e, como num passe de mágica, ele deixaria de ser pegador e só teria olhos para ela.

O problema é que a chance disso acontecer era menor do que ganhar na loteria, ou seja, perto de uma chance em dez milhões. Até pode acontecer, afinal alguém sempre ganha na loteria, mas a probabilidade de quebrar a cara é quase certa.

A situação não estava muito boa, mas ela seguia tentando. Uma hora vai dar certo. Quando ela perceber que merece muito mais, nenhum desses caras vai ter a menor chance.


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Pra que se enganar? Ele não vai mudar. […] Quem perdeu foi ele. A culpa não é sua. […] Esquece esse cara, meu bem”. Trechos da música Ele Não Vai Mudar, da dupla João Neto e Frederico.




segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Ficante avançado (contatinho fixo)

 

Priscila queria um ficante para fazer coisas de um casal de namorados, mas ela não queria namorar.

Ela chamava isso de “ficante avançado” ou “quase namoro”. Outras pessoas chamavam de “contatinho fixo”.

Ela queria alguém pra fazer tudo o que um casal faz (até dormir de conchinha de vez em quando, trocar presentes em datas comemorativas e mensagens até de madrugada), mas não queria um relacionamento sério.

Namorar era uma palavra muito forte, tinha muito peso, e ela não estava preparada pra isso naquele momento; ainda estava muito abalada com tudo o que tinha acontecido no seu relacionamento anterior, que tinha acabado de maneira brusca e destrutiva há pouco mais de quatro meses.

Além do mais, ela acreditava que namorar trazia muita atenção e olho gordo dos outros, um pouco de inveja, o que ela queria evitar ao máximo.

Ela também tinha medo de acabar rapidinho e virar motivo de piada para seus amigos e parentes.

O seu “ficante avançado” tinha que respeitar três regras básicas: sem traição, sem compromisso, sem contato com os pais. [Mas como assim? Parece um pouco contraditório. Ou não?]

Eles poderiam até postar fotos juntos nas redes sociais e os pais saberiam do “relacionamento”, mas não poderiam ser apresentados formalmente, pois a partir daí as coisas começariam a ficar mais sérias e ela não queria namorar.

Para ela era perfeito, mas não estava conseguindo encontrar alguém que também queria isso porque a maioria das pessoas atualmente não quer nada sério, nem mesmo um “quase namoro”, que tinha algumas regras básicas, que pouca gente estava disposta a seguir.

Ela já tinha notado que era muito mais fácil encontrar um ficante ou um contatinho do tipo comum, que aparece e some, e reaparece, sem nenhum tipo de compromisso, sem expectativas e sem cobranças. Uma simples saída casual de vez em quando. E só.

Mas ela queria um “ficante avançado”, um “contatinho fixo”. Quem sabe algum dia ela encontre.


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Ficar por ficar eu não quero. Beijar por beijar eu tô fora. Menina vê se leva a sério. Vê se não pisa na bola”. Trecho da música Ficar por ficar da dupla Bruno e Marrone.




quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Sobre intensidade e reciprocidade

 

Monalisa estava colocando a culpa do fracasso dos seus relacionamentos amorosos na sua intensidade. E, depois de tantas decepções, já estava começando a acreditar que tinha o dedo pobre, mas era só uma fase ruim.

Ela é intensa e tem um bom coração e achava que isso era o seu grande problema. Mas na verdade é uma dádiva, que deve ser aproveitada.

Monalisa ainda entenderia que o problema não é ser intenso. É a falta de reciprocidade que traz problemas. Não adianta colocar intensidade onde não existe nenhum sentimento. Ninguém pode amar por dois.

O problema não é a intensidade, mas onde você está depositando o seu sentimento.

Mas eu não consigo me controlar e me entrego por inteiro sempre. Ninguém manda no coração, ela dizia pra si mesma.

Será mesmo? Algumas vezes basta refletir um pouco para perceber que o coração está tentando nos enganar.

Ela se envolveu com as pessoas erradas. Investiu demais em quem não queria nada. Não prestou atenção aos detalhes. Foi enganada por pessoas que fingiram muito bem.

Mas Monalisa acordou pra vida e começou a ter um pouquinho mais de cuidado ao escolher uma pessoa pra se envolver, ser um pouco mais seletiva.

Ela já foi feita de trouxa mais de uma vez, mas agora ela está bem atenta, aprendeu muita coisa, e ser intensa e ter um bom coração não a impede de ter alguns cuidados básicos e uma intuição apurada para detectar embustes a léguas de distância.

Ela finalmente entendeu que intensidade e reciprocidade podem caminhar lado a lado.


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Amar por dois só me dá prejuízo”. Trecho da música Bebi liguei da cantora Marília Mendonça.




terça-feira, 29 de setembro de 2020

Oi, sumida

 

No começo da noite, Daniel disse: oi, sumida.

Dias atrás, Valentina teria achado o máximo, ficaria muito animada e responderia o mais rápido possível, já imaginando que eles se encontrariam naquela noite.

Eles já estavam se envolvendo há um ano. Logo no início, ele disse que não queria nada sério, nada de compromisso, namoro nem nada parecido. E ela aceitou numa boa e até gostou desse tipo de envolvimento. Afinal de contas, ela não teria que dar satisfação do que estava fazendo, pra onde iria, com quem estava. E ainda teria alguém pra ficar quando quisesse. Parecia perfeito.

Mas, depois de dois meses, ele começou a aparecer num dia e sumir durante quinze dias ou mais e o que parecia perfeito começou a não ser mais suficiente. Ela queria mais, mas continuou se envolvendo com ele, mesmo expondo seus sentimentos (não correspondidos por ele, que fingia que nada tinha escutado) e sabendo que aquilo não estava lhe fazendo bem.

Naquela noite, porém, ela disse que ele que tinha sumido e agora ela que ia sumir. Disse adeus. Até nunca mais.

Ela foi curta e grossa. Poderia até nem ter respondido, deixado ele no vácuo, mas ela preferiu ser clara e sincera pra não deixar margem para ele fingir que não entendeu.

Ela cansou de esperar ele aparecer depois de tanto tempo e de mendigar por migalhas. Colocou um pouco de vergonha na cara, amor-próprio no peito e mandou ele pastar.

Sabia que o seu coração poderia ficar despedaçado por um tempo, mas ninguém morre de amor, né? O tempo vai curando e os pedaços vão se juntando, e um novo amor vai surgir.


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Quando eu olho, você já sumiu. Meu mundo desaba e a ficha caiu. Tô sozinho chorando, sofrendo, por sua ausência. De repente, você aparece e o coração não obedece. […] E quando eu começo a gostar aí você some, nem lembra o meu nome. Depois volta querendo somar. Desculpe, desse jeito assim não dá”. Trechos da música Ou some ou soma, da dupla Jorge e Mateus.




segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Seletividade excessiva

 

No caminho para o desenvolvimento pessoal, aprendemos a nos amar, a ter autoestima, superando a carência e a necessidade de ter um relacionamento só pra não estar sozinhos.

E com isso começamos a ser seletivos ao procurar alguém para entrar nas nossas vidas. E é aqui que algumas pessoas estão exagerando um pouquinho, querendo uma pessoa que beire a perfeição.

É preciso ter cuidado para não se tornar seletivo demais e deixar escapar boas pessoas por conta de um detalhe bobo. Ninguém é perfeito. Por melhor que uma pessoa seja, sempre vai ter algum defeito.

A pergunta que deve ser feita é: eu posso conviver com esse detalhe/defeito e ainda ter uma relação boa, saudável e duradoura?

Com essa onda de amor-próprio, algumas pessoas podem confundir ser seletivo com “ninguém me merece”, “ninguém está no meu nível” e isso, além de demonstrar arrogância, é muito perigoso porque tende a afastar pessoas incríveis e tornar essas pessoas “cheias de amor-próprio” em pessoas abusivas e intolerantes.

Muita calma nessa hora, gente. Podemos ser seletivos, escolher com cuidado, mas sabendo que ninguém é perfeito e que, ao escolhermos alguém, precisamos conviver com seus defeitos e ter humildade para admitir que também temos defeitos.


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PS: Cuidado ao escolher demais, ao exagerar no processo de seleção, porque algumas vezes acontece como nessa música.


Quem escolhe demais sai perdendo. Termina aprendendo. […] Veja só no que deu. Você dizia que eu era ruim e arranjou outro pior do que eu”. Trecho da música Nam nam não do cantor Wesley Safadão.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Linda, solteira e feliz (algum problema?)

Ela é linda, gentil, tem um bom coração, gente boa demais, educada, simpática, generosa e independente.

E por isso ela já teve que responder várias vezes o motivo de não ter um namorado. As pessoas dizem “mas você é tão bonita”, como se isso fosse resolver todos os problemas do mundo.

Ela tinha vontade de dizer que o fato de ser bonita não a obrigava a ter um namorado, que o problema ou a solução não era a sua beleza, mas ela estava cansada demais para discutir.

No começo, ela até se dava o trabalho de argumentar, mas a maioria das pessoas não entendia e as perguntas continuavam. Então, melhor só ignorar mesmo, fingir que não escutou e sair pela tangente.

A verdade é que ela simplesmente não tem nenhum interesse em ter um namorado só pra dizer que tem um. Não faz nenhum sentido ser feliz apenas se estiver num relacionamento amoroso, só demonstra uma carência que ela já se livrou há muito tempo.

Ela tá sossegada, muito tranquila, sem desespero, sem pressa, pois sabe que tudo é no seu tempo. Não adianta se precipitar. Ela tá muito madura e segura e por isso não vai perder tempo com quem finge que não tem tempo e com quem não sabe o que quer.

Ela tá muito seletiva, escolhendo com cuidado, afinal de contas ela não quer qualquer um na sua vida. Ela quer um amor sincero, simples e verdadeiro, alguém que venha pra fazer a diferença e ser o seu grande amor.

Está um pouco difícil porque “ninguém quer prestar” e homem de verdade está em extinção. Mas ela sabe que no tempo certo ele vai surgir.

E por enquanto está tudo bem ser solteira. Está bem demais!


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I don't need a man to make me feel good [Não preciso de um homem para me fazer sentir bem]”. Trecho da música I Don't Need A Man da banda The Pussycat Dolls.




terça-feira, 30 de junho de 2020

Ela não é um produto

Ela é linda, tem um corpo malhado e invejado, e é só isso que muitos caras enxergam.

Para eles, ela é só um corpo bronzeado, com curvas perfeitas e maravilhosas. Na cabeça deles, ela não tem variações de humor, é a melhor pessoa do mundo e não tem problemas. É como se ela não fosse uma pessoa de verdade, mas apenas um produto idealizado, sem defeitos de fábrica e sem sentimentos.

Em parte, eles acertaram porque ela é gentil, tem um bom coração, é gente boa, educada, simpática, generosa e é independente. Mas também tem suas manias, suas paranoias, dificuldades, crises de ansiedade e de baixa autoestima.

Ela tem mudanças de humor. Num dia, ela está muito alegre, sorridente e quer se produzir toda pra sair e se divertir com os amigos. Em outros dias, ela fica cabisbaixa, meio deprimida, mal-humorada, e só quer ficar largadona na cama, assistindo Netflix.

Em alguns dias, ela acorda estressada. É melhor nem topar com ela nessa hora. Depois do café da manhã, ela fica um amorzinho de pessoa. De tarde, ela já fica noutra vibe, querendo ficar quietinha no seu canto. E de noite ela vira um perigo, uma dama fatal com o seu poder de sedução. Nesses dias, ela tem mais fases do que a lua.

Quase todos estão aos seus pés, mas ela está tão cansada de elogios vazios, de falsidade, de superficialidade, e de indiretas disfarçadas de "críticas construtivas" de quem nunca construiu nada.

Estava cercada de gente, mas se sentia tão vazia porque eram pessoas sem conteúdo, rasas, falsas, contatinhos e amizades que só queriam um momento e nada mais. Pessoas sem autenticidade, sem atitude, interesseiras. Ela estava tão cansada de tudo isso e só queria profundidade, intensidade, pessoas de carne e osso, verdadeiras, autênticas, com personalidade forte. E ela já estava fazendo uma limpeza nas pessoas ao seu redor e se distanciando de algumas delas.

E queria um amor sincero, simples e verdadeiro. Sem pressa e desespero, ela sabe que o amor vai chegar. E por enquanto está tudo bem ser solteira. Está bem demais!

Ela é o sonho de consumo da rapaziada, mas eles nem sabem que ela tem sentimentos, problemas e defeitos, como qualquer pessoa. Pra eles, ela é só um corpo, um produto… Mas, na verdade, ela é perfeita na sua imperfeição.

Muitos a desejam, mas poucos a conhecem de verdade.


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 “Ela tem força, ela tem sensibilidade. Ela é guerreira, ela é uma deusa, ela é mulher de verdade. […] Ela é discreta e cultua bons livros e ama os animais”. Trechos da música Ela Vai Voltar (Todos os Defeitos de Uma Mulher Perfeita) da banda Charlie Brown Jr.




quinta-feira, 28 de maio de 2020

Medo de amar


Eles estavam ficando há três meses e ela já tinha cansado de dar indiretas que não queria só ficar, mas parece que ele estava fingindo que não estava entendendo.
Então, ela disse que ele precisava decidir o que ele queria daquele “lance”. Mas ele falou que não tinha coragem de mergulhar no amor. Ele confessou que tinha muito medo de se perder, de se machucar.
Disse que a amava, que estava apaixonado e que não estava preparado para um relacionamento sério, que estava destruído por dentro, tinha algum trauma, algum bloqueio, e não conseguia dar esse passo no momento.
Quem sabe mais na frente? – ele pediu.
Ela disse que entendia, que já tinha passado por algo parecido e que daria alguns dias para ele pensar.
Os dias passaram e ela deu um ultimato. Era tudo ou nada, não queria nada pela metade. Mas ele não conseguiu sair do seu bloqueio por mais que quisesse, por mais que a amasse. Era covardia? Ele simplesmente não conseguia.
Ela lamentou, mas informou que não tinha como continuar e achava melhor terminar. Pediu que ele buscasse ajuda, um tratamento, porque ele não poderia viver sempre assim. E ele entendeu e admitiu que precisava fazer terapia porque a dor era quase insuportável.
Infelizmente, o medo de perder ganhou mais uma perda. Quem sabe num futuro próximo eles se encontrem, livres das feridas, e ainda tenha amor suficiente para recomeçar.

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Desejo que você tenha a quem amar e, quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar.” Trechos da música Amor pra recomeçar do cantor Frejat.




quarta-feira, 29 de abril de 2020

Sorte, acaso ou destino?

Alguns momentos incríveis acontecem na nossa vida e não sabemos explicar se foi sorte, acaso, destino ou um conjunto de coincidências.
Imagine a seguinte situação: para que duas pessoas se encontrem naquele dia e comecem um relacionamento, dez circunstâncias precisam acontecer. Se somente um delas não acontecer, elas não vão se encontrar.
No final, os dois se encontraram e depois de alguns dias começaram um namoro, que depois de um ano virou um casamento muito feliz.
Uma pessoa pode dizer que foi sorte, pois existia uma probabilidade matemática pequena de acontecer. Outra pode dizer que foi acaso, apenas coincidência. Mas alguém também pode acreditar que foi o destino.
A verdade é que não importa o nome que você dá ao acontecimento. Ele simplesmente aconteceu. Cada um tem uma percepção sobre aquele evento, mas, no fundo, ninguém tem certeza sobre essa percepção.
A situação era improvável. Só para se encontrarem já era bem difícil. Você pode dizer que a gente cruza com várias pessoas todos os dias e isso é absolutamente normal. Mas, quando os olhares deles se cruzaram, surgiu uma atração instantânea, uma conexão, corações batendo acelerado… Não é toda hora que isso acontece, né?
Ainda assim você pode dizer que é apenas o acaso ou coincidência. E pode ser mesmo. Ninguém sabe. Mas também pode ser o destino juntando duas pessoas. Pode ser apenas sorte. Ou uma mistura disso tudo. Difícil saber.

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Será que é sorte ou coisa de outro mundo? Destino ou acaso ou quem sabe seja tudo isso junto. Alguém lá em cima quis a gente junto”. Trechos da música Anjo Sem Asa, de Thiago Martins.

PS: Você pode dizer “meu destino sou eu que faço” e talvez você tenha razão, afinal você faz suas escolhas e toma decisões a todo momento. Mas e se essas escolhas e decisões já estavam destinadas a acontecer? E se elas foram tomadas baseadas em diversas circunstâncias anteriores, que aconteceram por acaso ou coincidência?


segunda-feira, 30 de março de 2020

Quarentena. Filmes românticos. Saudade. Dúvida

Valéria está vendo muitos filmes de romance nessa quarentena. Já são vários dias em casa, sem trabalhar, sem contato com outras pessoas. Apenas algumas idas ao supermercado e à farmácia.
Além dos filmes e de músicas de sofrência, regadas a algumas doses de bebida, as distrações são as redes sociais e aplicativos de conversas online, o que acaba fazendo com que ela comece a se lembrar de alguns momentos com seu ex namorado.
Ele está postando algumas fotos antigas e atuais e a mente dela começou a viajar por momentos em que foram muito felizes, nos primeiros meses de namoro, quando tudo parecia um conto de fadas.
Esse período trancafiado está deixando muita gente maluca. Até quem jurou que não voltaria pro ex namorado está começando a amolecer o coração.
Valéria sabia que a chance de volta era pequena. Seu namoro não acabou por traição, mas parecia que ele não era o cara certo, que faltava alguma coisa. Só que agora nessa solidão, nesses dias vendo filmes de romance, ela estava começando a acreditar que deixou ele escapar por entre seus dedos e que talvez ele fosse o grande amor da sua vida.
Ela estava imaginando que poderia ser o destino, tentando juntá-los novamente, ou poderia ser apenas um delírio provocado pela solidão e pelos filmes românticos e músicas apaixonadas.
Mas essa dúvida estava pairando no ar sempre que ela se lembrava dele, o que estava acontecendo a cada dez minutos nos últimos dias.
Mas até agora nem ela e nem ele tiveram coragem de voltar a se comunicar. Ela nem sabia se ele queria isso ou se estava passando pela mesma situação, se estava pensando nela.
Esse questionamento estava acabando com o pouco de serenidade que ainda havia em sua cabeça e ela estava prestes a enlouquecer, mas não queria dar o braço a torcer e dizia pra si mesma que aguentaria mais alguns dias. Só mais alguns dias.

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No vazio desse apartamento, já tô quase pirando. Me bate o desespero, empilhando garrafas. Passa o tempo, só você não passa. […] Eu sei que ninguém morre de amor, mas cachaça e saudade mata”. Trechos da música Estado decadente, da dupla Zé Neto e Cristiano.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Você decidiu ficar

Quando eu pensei que você ia partir, você decidiu ficar.
Parecia que tudo estava desmoronando. Nada dava certo e minha esperança estava quase acabando.
Eu pensei que você ia me deixar, afinal de contas eu parecia um fracassado naquele momento e ninguém gosta de lidar com os problemas dos outros. Mas ainda bem que eu estava enganado.
No meu pior momento, você permaneceu e me mostrou o amor que eu só via na ficção.
E aquele também foi o meu melhor momento porque naquele instante eu soube que você era a mulher da minha vida.
As coisas ainda estavam ruins, mas acabaram se ajeitando aos poucos, pois você me ajudou a superar tantas coisas, trouxe-me uma força extraordinária, que eu nem imaginei que tinha, e tudo foi se encaixando, oportunidades apareceram e nossa vida deslanchou.
Mas nunca me esqueço que no fundo do poço você ficou ao meu lado e me mostrou o amor que eu só via nos melhores livros e filmes de romance.
A vida é feita de escolhas, de decisões, e a sua decisão de ficar foi a mais importante das nossas vidas.

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Quando jurei que você ia embora, mas você decidiu ficar”. Trecho da música Primeiro Dia, da cantora Manu Gavassi.


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Vai dar merda (fingindo que tá tudo bem)

Algumas vezes, a gente sabe que vai dar merda, mas continua fingindo que está tudo bem.
Isabela conheceu Evando há pouco tempo, mas já sabia que ele não era o genro que sua mãe sonhava.
Mesmo assim, ela se envolveu com ele e teve algumas decepções.
"Ele não vale nada", "ele nunca vai mudar", "eu não devia me entregar a ele", "eu não devia ter dado essa chance pra ele". Tudo isso passava pela cabeça dela, mas a sua ansiedade, carência, baixa autoestima e falta de amor-próprio estavam atrapalhando.
Ela estava arrependida e frustrada, pois não seguiu seus próprios conselhos e acabou se decepcionando mais uma vez. Mas quem nunca deixou de seguir seus próprios conselhos?
A essa altura do campeonato, ela já deveria ter percebido que pode ser muito mais do que uma saída esporádica quando ele aparece dizendo “oi, sumida”.
Mas, algumas vezes, a gente sabe que vai dar merda e continua fingindo que está tudo bem.

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Tá tudo bem, se vai mal”. Trecho da música Vendaval, do cantor Ed Motta.