Renato
e Caterine estavam namorando há pouco mais de cinco meses e ele
então a convidou para morarem juntos na casa dele e ela aceitou
imediatamente.
O
começo dessa convivência foi perfeito e eles sentiam que seriam
felizes para sempre.
Mas,
depois de dois meses, Renato começou a demonstrar sua verdadeira
personalidade. O seu ciúme exagerado e desmotivado passou a afetar o
cotidiano do casal, tornando algo saudável numa convivência
impossível.
Logo
surgiram as primeiras brigas e agressões verbais, e ela ainda tentou
compreendê-lo, pois talvez tivesse dado algum motivo pro ciúme
dele. Mas essa desculpa que ela havia colocado em sua mente logo se
desfez.
Ela
passou a usar roupas mais longas e folgadas e a ficar em casa quase o
tempo todo. Mesmo assim, ele desconfiava que ela estava usando o
celular para ter conversas amorosas com outro homem. E uma conferida
diária no celular dela não adiantou para diminuir seu ciúme e sua
desconfiança.
Ela
não podia mais sequer conversar com amigos, pois ele não aceitava
amizade entre homens e mulheres.
E
então veio o primeiro tapa na cara e nesse momento ela pensou em
voltar para a casa de seus pais, mas aí ele pediu desculpas e ela
decidiu ficar.
Dias
depois, os tapas começaram a ser frequentes e mais fortes, a ponto
de deixá-la com hematomas pelo corpo.
Denunciou
a situação na delegacia, mas o policial pediu que ela conversasse
com Renato e voltasse depois, pois o escrivão estava de férias e
não havia ninguém para fazer o boletim de ocorrência.
A
família dela, que morava numa cidade distante, estava preocupada e
também tentou comunicar o caso à polícia, mas foi informada que
nada poderia ser feito por ali. Só Caterine poderia fazer o boletim
de ocorrência.
Ela
se sentia acuada, sem saber a quem recorrer mais, pois voltou outra
vez da delegacia sem conseguir fazer o BO, dessa vez com a alegação
de que brigas são comuns numa relação entre homem e mulher.
Por
fim, ela procurou o Fórum e foi informada que havia uma Vara de
Violência Doméstica. Lá ela encontrou uma juíza que se comoveu
com a sua situação e decidiu ajudar. Com menos de dez minutos, a
juíza fez algumas ligações e disse que Renato ia ser preso em
flagrante, o que realmente aconteceu horas depois.
A
magistrada deu alguns conselhos a Caterine, que os ouviu atentamente
e decidiu voltar para sua terra natal, a cidade de seus pais, pois a
pena do crime cometido por Renato era pequena e ele logo seria solto.
Ela sabia que ele não a deixaria em paz tão facilmente e por isso
foi buscar abrigo e proteção de seus pais.
Renato,
por sua vez, quando interrogado pelo delegado, disse que acreditava
ter o direito de bater na sua mulher porque tinha ouvido falar que a
mulher devia ser submissa ao marido...
Ele
teve que prestar serviços à comunidade e pagar algumas cestas
básicas. Depois de algum tempo, ele chegou a admitir pra si mesmo
que sua conduta não era correta e pediu desculpas a Caterine.
Quatro
meses depois, Caterine estava numa confraternização com sua família
e ficou pensando em como teve sorte de se livrar daquela situação.
Ficou imaginando uma mulher que não tinha família, nem parentes ou
amigos que pudessem ajudá-la. De repente, ela voltou a si e não
quis pensar nisso nunca mais.
“E
agora ele bate, bate nela e ela chora querendo voltar pros braços de
sua mãe. E agora eu tô sem saída e, se eu for embora, ele vai
acabar com a minha vida”
Trecho da música Ele
bate nela
da dupla Simone e Simaria.