Samir estava preocupado com a sua família. Seu país estava
enfrentando uma guerra civil há vários anos e a situação havia
piorado com a chegada de terroristas, que bombardeavam cidades
inteiras somente porque os habitantes dali eram de uma etnia
diferente.
Ele tinha parentes no Canadá e queria ir para lá, apesar de seu
pedido de asilo ter sido rejeitado. Sua situação estava cada vez
pior, pois os terroristas tinham bombardeado a cidade vizinha no dia
anterior.
Ele tinha que buscar abrigo, refúgio, um lugar seguro, e então
soube que muitas pessoas estavam atravessando o mar na tentativa de
se refugiar em outro país e decidiu reunir o pouco dinheiro que
tinha para levar sua mulher e seus dois filhos em segurança na
travessia do mar num pequeno bote.
Samir não contava com a ganância dos atravessadores, que lotaram a
pequena embarcação muito acima da quantidade adequada. Sem opção
de retorno do dinheiro e ameaçado com uma arma, ele não teve
alternativa e embarcou naquela viagem extremamente arriscada.
As crianças que estavam no barco choravam, amedrontadas com o
balanço do bote. Os adultos estavam apreensivos, em silêncio, com
uma mistura de esperança e medo.
Depois de navegar cerca de 500 metros, a pequena embarcação começou
a naufragar, em virtude do excesso de peso e das fortes ondas que
agitavam o mar. Nesse momento, Samir tentou socorrer seus filhos, mas
foi afastado pelo balançar das ondas e pelo desespero das demais
pessoas, que tentavam a qualquer custo sobreviver.
No meio daquela confusão, ele não via mais seus filhos nem sua
mulher. Ele gritava desesperadamente, mas seus gritos eram sufocados
pelos gritos das outras pessoas. Em menos de três minutos, ninguém
mais gritava porque já estavam submersos no mar. Samir foi o único
sobrevivente, pois conseguiu se agarrar nos destroços do bote, que
ainda suportava o peso de uma pessoa.
Algumas horas depois foi resgatado aos prantos, junto com dezenas de
pessoas na mesma situação, que navegavam em outra embarcação
superlotada.
No outro dia de manhã, enquanto procurava informações com a defesa
civil local, ele viu na televisão a imagem de seu filho caçula
estendido sem vida numa praia perto dali e seu coração ficou
completamente destruído.
“Ao fim deste naufrágio, agarrada estou num pedaço de barco e
as ondas revelam que o mar é forte. Estou à deriva, perdi o meu
norte.” Trecho da música Naufrágio da cantora Marcela
Taís.
Isso que você escreveu podia ser ficção apenas... Uma pena, uma dor, um desgosto terrível que não seja! Nossa especie é terrível!
ResponderExcluirJaci
O Que Tem Na Nossa Estante
Oi Diego, tudo bem?
ResponderExcluirBah, que bad.
Quando vejo esse tipo de coisa (afinal, sua história relata a realidade), fico me perguntando quando foi que perdemos nossa humanidade...
Beijos,
Priscilla
Infinitas Vidas
Q tocante e sufocante essa história. Quantas tragédias deve acontecer por aí a todo o momento, quantas pessoas perdem pessoas tão queridas por falta de humanidade, de respeito, de amor ao próximo.
ResponderExcluirValeu mais essa reflexão.
Um Abraço.
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com
Oi, Diego!
ResponderExcluirEu queria que só não fosse real. :/
Canastra Literária | Facebook | Twitter
Olá, Diego.
ResponderExcluirInfelizmente essa é a dura realidade que não para de acontecer. Parabéns pela sensibilidade ao escrever sobre esse assunto.
Blog Prefácio
Ooi Diego, tudo bom?
ResponderExcluirÉ horrível ler esse texto sabendo que ele é real para várias pessoas, imagina viver num país em guerra e ainda morrer tentando "viver" num lugar melhor,
Beijoos,
Sétima Onda Literária
Seus posts são tão únicos e marcantes, amo passar por aqui e ver escritas lindas! Um super beijo, Blog Minuto de Bobeira ♥
ResponderExcluirOi, Diego!
ResponderExcluirPassando pra agradecer o comentário e avisar que tem post novo. =)
Beijos,
Priscilla
Infinitas Vidas
Pela primeira vez vejo um texto seu que não tem um final feliz. Pelo contrário, tem um final triste e tocante. O que me espanta ainda mais é o fato de que não é apenas ficção. É real. E não acontece só com uma pessoa, mas com varias e em alguns casos, o final é pior que este.
ResponderExcluirAbraços,
Blog Decidindo-se \o/
Oi Diego,
ResponderExcluirQue texto triste e realista, eu super me lembro do caso do menino que o deve ter inspirado. Triste para a maioria daquelas pessoas, boas, desses lugares a única saída acaba sendo a morte. :(
P.S.: Sobre seu comentário lá blog, obrigada pelo elogio ao texto. Tenho um e-book de contos sim, na Amazon, Garotas em Ação e o Sobrenatural e Garotas em Ação: Não Tão de Fadas, que fiz com umas amigas. Pena que não deu certo pra continuar, mas o universo sabe o que faz. Concordo com suas palavras de que a internet anda mimizenta hahaha
E eu geralmente percebo quando aliviam nas críticas nas resenhas nacionais, por receio. Porém, muitas resenhas positivas de um mesmo livro, acabam me deixando com pé atrás, para ler.
tenha uma ótima semana :D
Nana - Obsession Valley
Que escrita bela eim! Primeira vez que visito o seu blog, realmente você dança com as palavras! Sucesso sempre.
ResponderExcluirEsteticando-se
Olá, Diego! Tudo bem?
ResponderExcluirCaramba, que texto! Muito bem escrito e com uma grande sensibilidade. Vou ter que repetir o que os demais leitores disseram, de fato é uma dura realidade. Cheguei a ler duas vezes, é impossível não se colocar no lugar do Samir, personagem principal deste texto, e de demais pessoas que infelizmente lidam com a mesma situação.
Uma ótima semana!