segunda-feira, 30 de março de 2020

Quarentena. Filmes românticos. Saudade. Dúvida

Valéria está vendo muitos filmes de romance nessa quarentena. Já são vários dias em casa, sem trabalhar, sem contato com outras pessoas. Apenas algumas idas ao supermercado e à farmácia.
Além dos filmes e de músicas de sofrência, regadas a algumas doses de bebida, as distrações são as redes sociais e aplicativos de conversas online, o que acaba fazendo com que ela comece a se lembrar de alguns momentos com seu ex namorado.
Ele está postando algumas fotos antigas e atuais e a mente dela começou a viajar por momentos em que foram muito felizes, nos primeiros meses de namoro, quando tudo parecia um conto de fadas.
Esse período trancafiado está deixando muita gente maluca. Até quem jurou que não voltaria pro ex namorado está começando a amolecer o coração.
Valéria sabia que a chance de volta era pequena. Seu namoro não acabou por traição, mas parecia que ele não era o cara certo, que faltava alguma coisa. Só que agora nessa solidão, nesses dias vendo filmes de romance, ela estava começando a acreditar que deixou ele escapar por entre seus dedos e que talvez ele fosse o grande amor da sua vida.
Ela estava imaginando que poderia ser o destino, tentando juntá-los novamente, ou poderia ser apenas um delírio provocado pela solidão e pelos filmes românticos e músicas apaixonadas.
Mas essa dúvida estava pairando no ar sempre que ela se lembrava dele, o que estava acontecendo a cada dez minutos nos últimos dias.
Mas até agora nem ela e nem ele tiveram coragem de voltar a se comunicar. Ela nem sabia se ele queria isso ou se estava passando pela mesma situação, se estava pensando nela.
Esse questionamento estava acabando com o pouco de serenidade que ainda havia em sua cabeça e ela estava prestes a enlouquecer, mas não queria dar o braço a torcer e dizia pra si mesma que aguentaria mais alguns dias. Só mais alguns dias.

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No vazio desse apartamento, já tô quase pirando. Me bate o desespero, empilhando garrafas. Passa o tempo, só você não passa. […] Eu sei que ninguém morre de amor, mas cachaça e saudade mata”. Trechos da música Estado decadente, da dupla Zé Neto e Cristiano.


2 comentários:

  1. Me identifiquei muito com a valéria (O quanto do que ela sente, é o que você sente?). Queria muito passar mais tempo estudando e fazendo coisas legais nessa quarentena, apesar de eu estar trabalhando home office, tenho um tempo que eu poderia estar fazendo melhor proveito e fico assistindo coisas românticas para sentir falta do namorado kk

    Gravado na Memória

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  2. Oi, Diego!!
    O que o isolamento não faz, não é mesmo? O que está feito, está feito. Olhar para o passado, dar um passo à trás, pra mim é regredir!! Nesse estado de mil pensamentos, a única coisa que sei é que gosto muito da minha companhia! (rs*) Muitos se identificarão com Valéria!!
    Beijus,

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